quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Esperança...

A grande vitória de Barack Obama siginifica o teor da sede por mudanças que o povo americano espera do futuro presidente.
Obama ganhou em 36 Estados, além do Destrito de Columbia. O comparecimento às urnas - num país onde o voto é facultativo - foi recorde desde 1908. A ânsia por votar mostra o quão esperançoso e faminto por transformações se encontra a maior potência do mundo.

A Carta Maior, com seu espírito um tanto quanto radical, propôs escrever uma carta ao democrata. Segue um trecho que achei interessante e faz síntese da real situação dos Estados Unidos.

"Em suma, se os EUA querem reconquistar o respeito dos outros povos do mundo, se querem resgatar a imagem do seu país que se deteriorou, devem se considerar como um país entre outros, e a eles igual, não como uma potência eleita para a missão de impor a ordem imperial e os interesses capitalistas no mundo. Devem respeitar as decisões que outros povos tomem no sentido de escolher caminhos antiimperialistas e anticapitalistas. Devem assinar o Protocolo de Kyoto, aceitando reduzir suas emissões de gases poluidores, condição básica para iniciar uma nova etapa na luta contra a destruição ambiental no planeta. Devem diminuir seu orçamento militar, revertendo essas verbas para o campo social. Devem combater os monopólios privados da mídia, a indústria tabagista, a da segurança para-militar, devem colocar como seu objetivo principal construir uma sociedade justa, a começar pela de seu próprio país, aquele em que, dentre aquelas do centro do capitalismo, a desigualdade mais cresceu nos últimos anos. Se o sr. fizer tudo isso, ou pelo menos se mover nessa direção, pensamos que poderá contar com o respeito e com relações cordiais por parte dos governos populares e dos povos da América Latina."

Foto: UOL

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Em dia de eleição...

Dia de eleição pode ser um dia incomum. Trabalhar numa seção eleitoral também. É possível ver todo tipo de gente e dessa forma, descobrir um pouco mais desse Brasil. Gente que mal sabe ler, gente que mal sabe assinar o nome, mas que está ali para cumprir o seu dever como cidadão, mesmo não sabendo o que de fato isso significa.
Informações equiovocadas, opiniões formadas pela mídia ou senso comum, idéias burguesas e preconceituosas. Juizo de valor presentes em nosso cotidiano. O texto de Mauro Carrara mostra de forma hilária a desinformação e idéias equivocadas que norteiam nosso cotidiano. De quem é a culpa?! Quem são os pobres e quem são os ricos nessa terra tropical?

Mauro Carrara

Conforme costume antigo, costumo visitar velhos amigos em dias de eleição. Perambulo pela cidade à procura do “espírito” da eleição, pois, sim, cada uma tem o seu, das barbadas aos prélios mais renhidos.
Desde cedo, notei certa tendência de defecção nos redutos “progressistas”. Havia nos fundos do Tucuruvi um jovem negro, em trajes de grife surfe, distribuindo discretamente santinhos de Kassab. Vejam bem, ele não fazia campanha para um candidato à vereança, mas para o majoritário. Só.
O rapaz é estudante do terceiro ano do segundo grau, comprou recentemente seu primeiro computador, a crédito. O pai é vigia (conseguiu carteira assinada há três anos) e a mãe é diarista. Ele atualmente não trabalha regularmente. Nos fins de semana, atua como assistente de som em bailes na região dos Jardins. É o típico emergente da nova classe C.
João (vamos chamá-lo assim) afirma que o governo Lula “acostuma mal os vagabundos” com o Bolsa Família. A mãe sempre votou em Marta, mas o pai costuma odiar qualquer petista. “Meu velho não quer saber do casamento gay em São Paulo, nem eu”, sentencia, alisando a sobrancelha.
Mais tarde, encontro-me na região do Jardim Aricanduva, na Zona Leste. Márcia (vamos chamá-la assim) come uma coxinha num bar próximo a uma escola estadual. Vai votar em seguida.
Tem uma colinha de Kassab (DEM) e de um candidato a vereador do PSDB.
- Vai votar em quem?
- Dessa vez é no Kassab – revela a moça, que graças ao crescimento da renda familiar (ela e dois irmão conseguiram emprego nos últimos três anos) pôde matricular-se numa faculdade privada.
- Por que nele?
- É o menos pior…
- E pra vereador?
- Voto é segredo. Mas vai ser no PSDB. Um amigo da faculdade me indicou. É um cara que escreveu vários livros de auto-ajuda.
- É o Chalita (ex-secretário estadual de educação)?
- A gente precisa de pessoas cultas na Câmara. Esse aí é o melhor escritor do Brasil.
- O que você já leu dele?
- Ainda não li, porque não tenho tempo. Mas esse meu amigo diz que é muito bom.
- A Marta era mais forte por aqui, não era?
- Era, mas ela fez o apagão aéreo e mandou o povo gozar depois do estupro. Tem como uma pessoa passar uma hora, uma hora e meia, esperando o avião?
- Como?
- O povo ficar horas esperando o avião…
- É chato mesmo – respondo. – Mas você já viajou de avião? – indago.
- Nunca. O mais longe que fui na vida foi para Mongaguá (litoral sul).
- Entendo. E o trânsito em São Paulo?
- Péssimo. Entre metrô e ônibus, fico umas 4 horas e meia no transporte, todo dia. Não anda.
- E de quem é a culpa?
- Sei lá… Tem muito carro na rua. Precisava fazer alguma coisa.
- E você não acha que o Kassab tem alguma responsabilidade nisso?
- (silêncio)… Não sei. Não parei para pensar.
- Isso afeta sua vida, não?
- Muito, mas a gente tem que lidar com isso…
Quase cinco da tarde, na região dos Jardins. O filho de um amigo chega da votação com três colegas. O rapaz é o único que votou em Marta Suplicy. Dos colegas, dois preferiram Kassab. O outro votou em Geraldo Alckmin.
- Na verdade, eu e toda minha família somos malufistas, mas o Kassab é o único que pode ganhar dessa “vaca” da Martaxa – diz Paulo (vamos chamá-lo assim), exaltado.
- Sim, as taxas devem ter prejudicado muito sua família… – pondero.
- Meu pai fez a empresa dele sem ajuda de ninguém. A gente ta cansado de pagar os impostos que o PT inventou. Cada dia tem um imposto novo.
- Que imposto novo?
- Vários.
- Mas quais?
- Vários. Tudo para sustentar vagabundo nordestino. E olha que eu não sou nem um pouco racista. Tenho até amigo japonês, negro, de todo tipo. Mas com esse negócio de bolsa, o cara se acostuma a não trabalhar e fica tomando cachaça o dia inteiro. É preciso ensinar o cidadão a pescar, e não dar o peixe.
- Mas o Bolsa Família está integrado a vários projetos de promoção e inclusão. Tem a contrapartida educativa… – tento argumentar, quando sou interrompido.
- Tem nada. Isso aí é coisa da mídia que o Lula comprou.
- Mas a mídia costuma ser contra o presidente – afirmo.
- Nada disso. O senhor viaja muito, pelo que eu sei, não é? Aqui, eles inventam pesquisa para dizer que a vida do povão melhorou. Melhorou nada.
- Mas e os dados do Ipea, do IBGE?
- Eu estudo Administração. Isso é tudo mentira.
- Quer dizer que o país não melhorou em nada?
- Esse semi-analfabeto deu sorte. Aproveitou o Plano Real e o crescimento da China… Agora, quero ver. Estou só esperando para ver o que vai acontecer. E vou dar risada.
- Mas o país não estava muito bem em 2.002 – intervenho.
- O PT é o “partidão”, não é?
- Não que eu saiba – respondo.
- É sim… Eu abri os olhos de muito colega sobre esse comunismo disfarçado aí… Nessa eleição, eu convenci muito petista a votar no Kassab.
- Quem?
- O nosso motorista, o jardineiro que vai lá em casa…
Já são 18h20… Alguém grita do interior da casa: “o Kassab está ganhando”. Os três jovens urram de prazer. Está se iniciando a longa noite até o segundo turno.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Miúcha e Os Cariocas


Primeiramente, desculpas pela demora e pela desatualização, mas o tempo anda curto pelas vastas coisas a fazer.
Bom, mas quero pôr aqui o que tive a honra de assistir. Na última quinta-feira aconteceu no Centro de Convivência de Campinas o show da Miúcha e Os Cariocas, em comemoração aos 50 anos da Bossa Nova, promovido pelo Itaú Cultural.
Além de vê-los cantar magnificamente, saindo extasiada de lá, pude entrevistá-los. Falei com Severino Filho, o mais velho integrante do grupo que deixou transparecer a alma carioca com a sua simpatia.
Quando falei com Miúcha, pude ver sua alegria e exuberância. Quando perguntei como se sentia ao comemorar esses 50 anos, disse que celebrava eternidade da Bossa Nova. Transbordou alegria.
No show falou de Vinícius, de Tom, de Chico, de João Gilberto... contou as histórias dos bares de Copacabana, da boemia, da poesia.
Contou a história e a essência de cada canção.
Surpreendente, inesquecível, memorável... eterno.


Foto: Régis Moreira


domingo, 14 de setembro de 2008

Debate entre candidatos contou com a participação acalorada do público

A Casa do Teatro promoveu, no último dia 07, o I Fórum de Cultura que contou com debate entre todos os candidatos a prefeito de Amparo: Ricardo Luis Silva (PSDB), Paulo Turatto Miotta (PT), Fernando Gabriel Cazzotto (PR) e Luis Oscar Vitale Jacob (DEM). A participação do público, que preencheu quase todas as 250 cadeiras disponíveis, foi marcante e polêmica na tribuna livre mais do que no momento da palavra aberta aos possíveis prefeitos.

Os candidatos estiveram há todo momento bastante amistosos, referindo uns aos outros em diversas vezes por “amigo”, diferentemente da platéia que contou com visíveis manifestações partidárias entre vaias e aplausos, principalmente com a presença na tribuna livre de pessoas ligadas à prefeitura ou na abordagem de assuntos que não se relacionavam à cultura, como infra-estrutura e críticas à atual administração.

O debate deu início com a apresentação do mediador Adilson Luís Jorge e com a leitura de um texto pela atriz da companhia de teatro “Arteatrando”, Márcia Aleiixo, que falou sobre a importância da cultura, sobre o grupo e a Casa do Teatro. “A arte e política se unem para expressar e decidir sobre seus novos rumos”, expressou a atriz.

A primeira parte do debate foi de 15 minutos para apresentação das propostas de cada candidato, que variou muito pouco uma das outras. Por ordem de sorteio, o candidato Graminha foi o primeiro a apresentar suas propostas para a cultura amparense. Citou parcerias com empresas privadas, projeto de uma biblioteca itinerante nos bairros e distritos de Amparo e a criação do Festival de Verão. O segundo candidato foi Jacob, que iniciou seu discurso com uma homenagem ao diretor de teatro e escritor Roberto Madureira falecido no último dia 08 de agosto. Assim como Graminha, Jacob ressaltou parcerias com a empresa privada e apoio à Casa do Poeta, Academia Amparense de Letras, entre outros. Jacob ainda citou a implantação do Projeto Guri, do Governo do Estado e disse que a prefeitura não se esforçou para trazer o projeto à cidade. Referindo-se sempre na terceira pessoa, ressaltou que ele foi um dos vereadores que transformou em lei o Festival de Inverno, prova de que o evento continuará caso seja eleito.

Miotta se baseou principalmente nos projetos que já estão em andamento, citando as melhorias e implantações. Falou da ampliação do Projeto Ciranda Criança que hoje atende 1.000 crianças e pretende ampliar para 5.000. Ressaltou a volta do carnaval, a criação do Festival de Inverno que foi uma idealização de sua autoria e a descentralização da cultura para os bairros. Terminou dizendo que para conseguir parcerias, como com a Petrobrás, tem de haver projetos bem elaborados.

Já Cazzoto iniciou seus quinzes minutos pedindo licença para se manter sentado, pois estando em pé disse se sentir superior aos amparenses. Alegou que o Festival de Inverno é uma semente gerando frutos, mas que é um evento anual e a cidade deve ter um programa permanente de cultura e lazer. Comprometeu-se também com a construção de um teatro oficial.

Após a exibição de propostas, os candidatos tiveram três minutos para responder às perguntas sorteadas. Com o clima um pouco exaltado após as manifestações na tribuna livre, os candidatos puderam fazer suas considerações finais e se defender diante das críticas da platéia.

Para marcar o I Fórum, a Casa do Teatro começou no evento um abaixo-assinado que pretende colher seis mil assinaturas para a criação do Conselho Municipal de Cultura. A lista será entregue no dia da posse do novo prefeito, dia 1º de janeiro.

sábado, 30 de agosto de 2008

veja a educação pela Veja




Faltou-me tempo, faltou-me dedicação. Há uma semana venho adiando o que muitas páginas já deram, mas a minha indagação e indignação continuam aqui.
Na edição do último dia 20, a Veja superou os limites do jornalismo sério. Muito eu ouvia da revista, sua tendenciosidade e falta de seriedade, mas me permiti compovar, mais ainda, na matéria sobre educação: "Você sabe o que estão ensinando a ele?"
Na reportagem de Monica Weinberg e Camila Pereira, sem rodeios - como inicia a matéria - o texto fala de Che Guevara, Paulo Freire e Marx como inspiradores para uma doutrinação esquerdista pelos professores na educação brasileira, tanto pública quanto privada.
Abaixo, um trecho - para mim - o mais surpreendente do tendencionismo e da banalização de grandes pensadores que acrescentaram em muito na luta pela igualdade social.

"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de aprovação de citações positivas, 14% neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico e teórico alemão Abert Einstein, talvez maior gênio da história da humanidade."

Paulo Freire foi o grande criador do método de educação para adultos, em que parte do princípio que a alfabetização se dá partindo da realidade do educando. Passou da teoria à prática nas áreas carentes do Nordeste. A fúria da Veja é contra qualquer ascenção das classes menos favorecidas e, qualquer um que possa propiciar isso, não serve para ela.
A revista se baseou em pesquisas para assumir e publicar que professores disseminam ideologias esquerdistas aos alunos. Entre elas, a mais indignante para a Veja foi a de que para 78% dos professores, atribuem à escola, antes de tudo, a função de "formar cidadãos" à frente de "ensinar a matéria" ou "preparar as crianças para o futuro".
Para a Veja, formar empresários capitalistas que enriquecem a classe dominante vem antes de qualquer base, fundamentação e conceito de cidadania. É por isso que as coisas estão como estão.
O problema não é a Veja ter uma visão. O grande problema é as pessoas tê-la como fonte de informação e se basearem nela para formar opinião.
Se quiser fazer um jornalismo tendencioso, que assim o faça, assumindo o seu lado, a sua posição, como tantos veículos de esquerda e alternativos.
Está na hora de termos um olhar mais crítico sobre a mídia e não aceitar tudo o que nos é transmitido.
É preciso tirá-la do topo de mais vendida no Brasil, antes de uma lavagem cerebral.
Foto: Veja Online

A Voz

Passeando pela blogosfera, me deparei com o blog do "astro" do CQC, Marcelo Tas.
Contemplando, pois, sua genialidade (que assim conheço desde o "porque sim não é resposta") resolvi, então, colocar o seu blog meus favoritos ou em 'eu recomendo'!

Mas, antes disto, precisei registrar aqui: a voz! Sim, impossível não ler cada linha de seu texto tendo em mente, como uma locução, a sua voz entonada e marcante. Vale a pena dar uma passada pela sua página, porque porquê sim nãoé resposta para nós!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Da elite ao povo e vice-versa

Ano da bossa. Tão evidente, talvez, tanto quanto há 50 anos atrás, quando nasceu em "Chega de Saudade". Para comemorar, eventos e shows vem para jobiniar os palcos, principalmente cariocas e paulistas.
Na última segunda-feira, uma junção alternativa, dificilmente vista. Caetano Veloso e Roberto Carlos cantaram as músicas do rei. Mas não! Não esse rei, o da Jovem Guarda. O rei da Bossa Nova, enterno Tom Jobim.
Lendo uma crítica, muito interessante, no blog musical "Ruido", de Pedro Alexandre Sanches, percebi o que há um tempo tinha pensado. Bossa é bossa, popular é popular.
O show desta semana, independente do desempenho dos cantores, causou efeito. Roberto Carlos representa uma geração diferente do que representa Caetano.
Na década de 70, Odair José, com a música "Pare de Tomar a Pílula", foi censurado na ditadura militar tanto quanto Chico Buarque, mas por motivos diferentes. Numa entrevista ao site "Censura Musical", Odair José, parecendo-me até desabafar o quanto, naquela época, distanciava-se musicalmente o povão do intelectual.
"As músicas do Chico Buarque eram proibidas e quem gostava das músicas do
Chico não era a sociedade de uma maneira geral, era mais um grupinho", disse Odair José.
O show de Roberto e Caetano permitiu uma bossa ampla, parecendo esparramar-se e, contudo, derramar gotas por todos [diferentes] cantos.
Vale a pena conferir:

Foto: Folha Online


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Reunião da confraria militar

Para cerca de 600 espectadores, o General Gilberto Barbosa de Figueiredo falou, promoveu palestras e juntou a confraria militar no Salão Nobre do Clube dos Militares, no Rio de Janeiro para debochar do governo e da classe baixa da sociedade brasileira.

A reunião, que ocorreu no último dia 07, foi um protesto contra a possibilidade de contestação à Lei de Anistia e abertura de processos contra torturadores da ditatura militar.

O evento veio a calhar talvez por, dias antes, o Ministro da Justiça Tarso Genro e o secretário especial de direitos humanos Paulo Vanucchi terem defendido a punição dos torturadores a serviço do estado.

Algumas frases dos que estavam presentes na reunião mostram a aclamação ao autoritarismo e o dramático pavor ao comunismo, socialismo, Marx e tudo mais que possa pôr em risco o sistema ditatorial. Foram, portanto, publicadas na Carta Capital por Leandro Fortes, que cobriu a instinta reunião de idéias calcadas de conservadorismo.

“A anistia de 1979 não era para idealistas que rompiam com a legalidade na esperança de um país melhor. Era anistia para marxistas, marxistas-leninistas, revolucionários maus, perversos, que não perdoam a derrota”. (General Sérgio Augusto Coutinho, ex-chefe do CIE)

“O revanchismo não é só um prazer de quem faz, porque esse prazer é de uma pessoa que é um revolucionário, que é um marxista-leninista, e, portanto, ele tem ainda um sonho, o sonho do socialismo do proletariado”. (General Coutinho, provavelmente se referindo ao ministro Tarso Genro ou ao presidente Lula)

“O pessoal que hoje se insurge contra a lei que os beneficiou estava fora do País, não estava nem trabalhando. Estavam (sic) vivendo às custas de dinheiro da conspiração internacional”. (Ribas Paiva, sobre o que ele alega ser a ingratidão da esquerda com a Lei da Anistia)

“Na Polônia, elegeram um metalúrgico, fez (sic) a experiência. Mas os poloneses tiveram inteligência suficiente de elegê-lo uma única vez e nunca mais! Aqui, demos um exemplo magnífico para a história dos povos e elegemos um metalúrgico, inclusive com o charme de falar (sic) com quatro dedos. Não tivemos a sabedoria dos poloneses e o reelegemos. A culpa é nossa, temos que aturar. Mas o mandato é certo, no final, vão sair. O presidente, o ministério e toda a turma que subiu com ele vai ficar (sic) nos seus devidos lugares. Ele será, sem dúvida nenhuma, um excelente presidente de sindicato, isso, provavelmente, dos metalúrgicos. Se for dos professores, vai meter os pés pelas mãos, como está metendo no governo”. (Zveiter, tropeçando no português, zombando da deficiência física do presidente Lula e insuflando o preconceito de classe, sob aplausos e gargalhadas, no Clube Militar)

Foto: Carta Capital

domingo, 17 de agosto de 2008

Depende do ponto de vista, no caso americano


Tradicionalmente, a lista de classificação de medalhas nas Olimpíadas é feita pela quantidade de medalhas de ouro adquiridas. No entanto, os EUA através da sua imprensa, vem aderindo um novo método para se beneficiar, uma listagem com a contagem do total de medalhas, o que faz com o que os americanos tomem o primeiro lugar na classificação.
Na Índia, Alemanha e Argentina o site oficial do Comitê Olímpico, o quadro de medalhas é encabeçado pelo maior ganhador de medalhas de ouro, que neste ano é a China e em segundo lugar os EUA.

No portal online do jornal "The New York Times", essa afirmação concretiza a prepotência dos EUA até nos esportes.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Olimpíadas: maquiando a verdadeira China


As Olimpíadas de Pequim fez com que a China ficasse em evidência na mídia do mundo inteiro. E a China quer e tenta fazer com que o mundo a veja mais excepcional do que ela possa ser. Com o lema "Um Mundo, Um Sonho" é a oportunidade do governo chinês mudar sua imagem, principalmente com a condenação mundial obtida após a matança na Praça Tiananmen em 1989, além de tantos outros feitios característicos desta terra oriental.
No site do Carta Maior, Ignacio Ramonet faz uma análise do que a China de fato é, socialmente e economicamente.

Veja alguns trechos:

(...) Por isso o êxito das Olimpíadas é tão primordial para eles e o primeiro-ministro Wen Jiabao insiste nas consignas de "harmonia" e de "estabilidade". Isso também explica a brutalidade da repressão contra a revolta do Tibete em março passado, assim como o furor das autoridades contra as manifestações que perturbaram, em alguns países, a passagem da tocha olímpica. Ou a rapidez no envio de auxílio aos afetados pelo terremoto de Sichuan de 12 de maio. Nada pode perturbar a consagração mundial da China neste ano olímpico.
Estes Jogos celebram os trinta anos desde o início das reformas impulsionadas em 1978 por Deng Xiaoping que permitiram o milagre econômico e o excepcional renascimento da China. Certo é que os seus triunfos impressionam. O PIB chinês duplica a cada oito anos e, em 2008, o seu crescimento pode ultrapassar os 11%.
Com uma população de 1,35 bilhões de habitantes - igual à soma das Américas (900 milhões) com a Europa (450 milhões), este país já é a terceira economia do planeta: ultrapassou a Alemanha, ultrapassará o Japão em 2015 e pode superar os Estados Unidos em 2050. A China tornou-se o primeiro exportador mundial e o principal consumidor do planeta. Mas esse milagre tem vários lados ocultos.
Em primeiro lugar, as graves violações em matéria de direitos humanos, que contradizem os valores do olimpismo. Por exemplo, a China leva a cabo mais de 7.000 execuções capitais por ano, ou seja, 80% de todas as penas de morte aplicadas no mundo. Além disso, a estabilidade deste colosso vê-se ameaçada por outros perigos: uma previsível quebra bolsista, uma inflação desmedida, um desastre ecológico e motins sociais que se estão multiplicando.
Neste momento, o número de ricos não pára de aumentar. A China já tem 250.000 milionários em dólares. Mas as políticas liberais do sistema também fizeram aumentar as desigualdades entre ricos e pobres, entre ganhadores e perdedores. 700 milhões de chineses (47% da população) vivem com menos de dois euros por dia; destes, 300 milhões vivem com menos de um euro diário. O "milagre" assenta na repressão e exploração de um imenso exército de trabalhadores (os que fabricam para o mundo inteiro todo o tipo de bens de consumo baratos). Às vezes trabalham entre 60 e 70 horas por semana, recebendo menos do que o salário mínimo. Mais de 15.000 operários morrem em cada ano em acidentes de trabalho. Os conflitos sociais têm aumentado anualmente 30%: greves selvagens, revoltas de pequenos agricultores, além do escândalo das crianças escravas.
O atual contexto é propício ao descontentamento, pois na China, como em muitos países, o incremento do preço dos alimentos e da energia (a 19 de junho passado, o governo aumentou o preço dos combustíveis em 18%) traduz-se numa subida da inflação (que alcançava os 7,7% em maio) e uma consequente degradação do nível de vida. As autoridades temem a ameaça de uma inflação desestabilizadora que poderia provocar manifestações de massas semelhantes às que foram afastadas da Praça Tiananmen em junho de 1989.
A tudo isto soma-se o perigo de uma catástrofe ecológica que cada dia preocupa mais os cidadãos. O próprio ministro do Meio Ambiente, Pan Yue, admitiu a enormidade do desastre: "Cinco das cidades mais contaminadas do planeta encontram-se na China; as chuvas ácidas caem sobre um terço do nosso território; um terço da nossa população respira um ar muito contaminado. Em Pequim, 70% a 80% dos casos de câncer têm por causa o meio ambiente degradado".
Todos os descontentes da China vão querer aproveitar o grande evento das Olimpíadas e a presença de 30 mil jornalistas estrangeiros para expressar as suas iras. As autoridades encontram-se em estado de alerta máximo. Sonham poder desativar o gigantesco barril de pólvora social a ponto de rebentar. Para que os Jogos de Pequim não incendeiem a toda a China.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Bolsa Família tem desligamentos voluntários


Poucas vezes ouvimos falar dos benefícios do Bolsa-Família. De fato, o que está mais visível na mídia e na boca das pessoas - classe média e alta - são as críticas a projetos assistencialistas como este.
No entanto, a edição de ontem (11/08) do Estadão me surpreendeu. Uma matéria de página inteira falando de beneficiados do sistema que, ao melhorarem as condições de vida, pedem voluntariamente o seu desligamento.
A matéria já inicia com um diferencial, tendo na íntegra a pequena carta de uma beneficiária do programa em que pedia para ser desligada. Eis a carta abaixo:

"Bom dia! Eu, Sueli Miranda de Carvalho Silva, venho, por meio destas linhas, agradecer os idealizadores do Bolsa-Família, os anos que fui beneficiada. Ajudou-me na mesa, o pão de cada dia. Agora, empregada estou e quero que outro sinta o mesmo prazer que eu, de todo mês ser beneficiada. Obrigado."

Até agora, desde a criação do programa em 2004, constam mais 60 mil pedidos de desligamento, sendo a maior parte na região sul e sudeste. Dados como estes mostram que as pessoas não estão se acomodando, diferente do que está sempre na boca do povão.
O fato é que para a maioria das pessoas beneficiadas, uma renda extra no final do mês ajuda em muito no sustento da família. Portanto, para não perder o auxílio, a ida à escola torna-se um compromisso forte e constante para pais e filhos.
Para incentivar atitudes voluntárias de honestidade como esta, o governo permite que caso a família necessite novamente da bolsa, ela pode se reinscrever. Em outra situação, quando o governo verifica o aumento da renda, a família tem um prazo para ter a certeza de que conseguirá se manter e não voltar para a linha de probreza.
Claro que não podemos generalizar. Há muitas pessoas que se aproveitam do assistencialismo, mas tem muita gente que necessita e aproveita muito bem o benefício. O senso comum deveria deixar de ser senso comum, dissipando opiniões meramente anti lulistas.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Para quem vale a lei? II

Quem não leu o editorial da Folha de ontem, domingo, vale a pena conferir. Debatendo sobre a decisão judicial o STF, relaciona-se o fato em questão com decadência e a falta de credibilidade da justiça brasileira.
Abaixo, o trecho do último parágrafo:

"Qualquer que sejam a classe que pertençam, a ineficiência do sistema ajuda os culpados e prejudica os inocentes. Lentidão e desigualdade manietam as ações da Justiça no país; um par de algemas invisível, na verdade, no qual não há súmulas capazes de libertá-la a curto prazo".

Folha de São Paulo - 10/08/2008

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Para quem vale a lei?

Apenas agora, depois da operação Satiagraha, o Supremo Tribunal Federal decidiu editar uma súmula vinculante, ou seja, em que juizes são obrigados a seguir o entendimento adotado pelo STF, sobre uma jurisprudência (conjunto de leis) já consolidadas.
O assunto em questão é que apenas poderão ser algemados, em exposição pública, pessoas que têm um risco de fuga ou ameaça. Mas a dúvida paira no ar. Por que isso, agora?
Gilmar Mendes, ministro do STF, disse que a decisão não tem nenhuma ligação com a operação que mostou na televisão, algemados, Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas. A decisão é justificada de que está havendo uma exposição excessiva e uma afronta à dignidade humana.
Mera coincidência? Pode ser. Mas chora menos quem pode mais.

por Bruna Lidiane

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Rio de Janeiro sob olhos burgueses


Sim, o Rio de Janeiro continua lindo. Essa era a resposta para muitas perguntas que me vinham à tona quando cheguei de uma viagem inesquecível à cidade maravilhosa.
Um sonho encubado dentro de mim há anos. Conhecer de fato o clima carioca, me fez amar ainda mais a maresia senera que cai sobre a cidade no inverno quente que se estendia por lá, pelo menos neste ano.
E as balas perdidas? Muito trombadinha em Copacabana? E a linha vermelha? Não vi bala perdida. Não fui roubada por um arrastão. Passei na linha vermelha e vi favelas, uma de cada lado, apenas. E, diante disso, me questiono será que estou inerte, mergulhada ao conto de fadas carioca das músicas "jobinianas", da bossa nova ou das novelas de Manoel Carlos?
Não sei. Apenas sei que me apaixonei pela cidade que se veste de alegria, de vida, de emoção em cada esquina, em cada praia que em cada onda traz o mar dentro da cidade. E Drummond estava certo quando diz que no mar estava escrita uma cidade.
Eu poderia me abalar e de fato me abalei - não constantemente pois fui incendiada pelo deslumbramento daquilo que não pertence a minha constante realidade - com as portas que trabalhadores abriam delicademente para eu entrar, com os garçons a me servir, assim como serviçais. Meus olhos tornaram-se portanto e por algum tempo tão burgueses que tive medo de ver a cidade mais marvilhosa do que ela mesmo se propõe a ser.
E, de fato, existem dois lados inevitáveis. A orla se distancia do subúrbio. A vida cheia de graça, calorosa, não pertence aos morros cariocas, pois é a vida dura de muita gente trabalhadora, igual aqui e em todo lugar.
Tornei a pensar. No entanto, mesmo visto pelos meus temporários olhos burgueses, não há como se enganar porque a beleza natural, incomparável, interminável e inexplicável está ali, para quaisquer olhos verem. E esta paisagem foi criada por um só, é de todos e não é de ninguém.
Portanto, sim, o Rio de Janeiro continua incessante e emocionadamente lindo.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Lula não conquistou a mídia

POR QUE O GOVERNO LULA PERDEU A BATALHA NA CONQUISTA DA MÍDIA. Texto de Bernardo Kucinski, publicada na Carta Maior, é um diferencial. Quando a mídia insiste em se opôr, vemos o jornalismo e ainda de massa, parcial e partidário. É uma pena que reflexões como esta não esteja ao alcance de todos.

Veja abaixo, alguns trechos desta análise ou na íntegra: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15070

"A mídia na era Lula deixou de funcionar como mediadora da política, passando a atuar diretamente como um partido político de oposição. Apesar de disputarem agressivamente o mercado entre si, há mais unidade programática hoje entre os veículos da mídia oligárquica do que no interior de qualquer partido político brasileiro, até mesmo partidos ideológicos como o PT e o PSOL. Todos os grandes veículos, sem exceção, apóiam as privatizações, a contenção dos gastos públicos, a redução de impostos; a obtenção de um maior superávit primário, a adesão do Brasil à ALCA; todos são críticos à criação de um fundo soberano, ao controle na entrada de capitais, ao Bolsa Família, à política de cotas nas universidades para negros, índios e alunos oriundos da escola pública, à entrada de Venezuela no Mercosul e ao próprio Mercosul. Todos criticam o governo sistematicamente, em todas as frentes da administração, faça o governo o que fizer ou deixar de fazer.

Na campanha da grande imprensa que levou Vargas ao suicídio, o governo ainda contava como apoio da poderosa cadeia nacional de jornais Última Hora. Hoje, não há exceção entre os grandes jornais. Outra diferença desta vez é a adesão ampla de jornalistas à postura de oposição, e sua disseminação por todos os gêneros jornalísticos tornando-se uma sub-cultura profissional. Emulada por editores, prestigiada por jornalistas bem sucedidos e comandada pelos intelectuais orgânicos das redações, os colunistas, essa sub-cultura é dotada de um modo narrativo e jargão próprios.

Em contraste com o jornalismo clássico, que trabalha com assertivas verazes para esclarecer fatos concretos, sua narrativa não tem o objetivo de esclarecer e sim o de convencer o leitor de determinada acusação, usando como fio condutores seqüências de ilações. É ao mesmo tempo grosseira na omissão inescrupulosa de fatos que poderiam criar outras narrativas , e sofisticada na forma maliciosa como manipula falas, datas e números. O enunciador dessa narrativa conhece os bastidores do poder e não precisar provar suas assertivas. VEJA acusou o PT de receber dinheiro de Cuba, admitindo na própria narrativa não ter provas de que isso tenha acontecido. Em outra ocasião, justificou a acusação alegando não haver nenhuma prova de que aquilo não havia acontecido.

Trata-se de uma sub- cultura agressiva. Chegam a atacar colegas jornalistas que a ela se recusaram a aderir , criando nas redações um ambiente adverso a nuances de interpretação ou divergências de análise. O meta-sentido construído por essa narrativa é o de que o governo Lula é o mais corrupto da história do Brasil, é incompetente, trapalhão, só tem alto índice de aprovação porque o povo é ignorante ou se deixa levar pelo bolso, não pela cabeça.

Levantam como principal bandeira o repúdio à corrupção. Mas como quase todo o moralismo em política, trata-se de mais uma modalidade de falso moralismo: é o “moralismo dirigido” que denuncia os “ mensaleiros do PT” e deixa pra lá o valerioduto dos tucanos, onde tudo de fato começou, e mais recentemente o escândalo do Detran de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul onde tudo continua. É “ moralismo instrumental”, que visa menos o restabelecimento da ética e mais a destruição do PT e do petismo.

O que poucos sabem é que essa sub-cultura se tornou dominante graças a uma mãozinha da Globo. Quando foi revelada em fevereiro de 2004 a propina recebida dois anos antes por Waldomiro Diniz, sub-chefe da assessoria parlamentar da Casa Civil do governo Lula, a Globo vislumbrou a oportunidade de uma ofensiva de caráter estratégico: cortar o barato do petismo e de sua ameaça de governar o Brasil por 40 anos. Com esse objetivo, mudou o modus operandi do seu jornalismo político. Logo depois das denúncias de Roberto Jefferson, criou uma central de operações, em Brasília, unificando as coberturas de política da TV, CBN e jornal O Globo sob o comando de Ali Kamel, que para isso se deslocou para Brasília.

(...) A VEJA lançara sua própria operação de objetivos estratégicos muito antes. Entre 2003 e 2006, VEJA produziu 50 capas contra Lula , sendo 18 delas consecutivas.

Quando surgiu a fita de Waldomiro Diniz, a revista revelou esse objetivo em ato falho : “Os ares em torno do Palácio tinham na semana passada sabor de fim de governo.”

Na Globo, a operação encontrou resistências internas de jornalistas que ainda lambiam as feridas provocadas pelo falseamento do debate Collor- Lula, e da cobertura da campanha das Diretas Já. Deu-se então a marginalização de Franklin Martins da cobertura política. Esse afastamento teve grande importância porque institui no corpo de jornalistas a sensação de insegurança e o medo, necessários para a imposição da nova ordem. Sua saída foi um baque”, avaliou Luiz Nassif em entrevista a Forum.

(...)Mas temos um paradoxo. O governo Lula tem mantido religiosamente seu acordo estratégico com o capital financeiro, que é o setor dominante hoje no capitalismo mundial e brasileiro. E apesar do vasto leque de políticas públicas de apoio aos pobres, não brigou com nenhum dos outros grupos de interesses do grande capital. Por que então tanta hostilidade da mídia? É como se a grande mídia agisse por conta própria, pouco ligando para a dupla capital financeiro-capital agrário e na qual se apóia.

(...)É uma mídia governista, ou ”áulica”, na adjetivação de Nelson Werneck Sodré, quando o governo faz o jogo da dependência, como foram os governos de Dutra, Café Filho, Jânio Quadros e Fernando Henrique. E anti-governista, quando os governos são portadores de projetos de autonomia nacional, como foram os governos de Getúlio, Juscelino, que rompeu com o FMI, Jango e agora o de Lula.

Uma mídia que já nasceu neoliberal, muito antes do neoliberalismo se impor como ideologia dominante e organizativa das políticas públicas. Nunca aceitaram o Estado que chamam pejorativamente de “populista”. Em artigo recente na Folha, Bresser Pereira associou diretamente o discurso da mídia contra o populismo e sua inclinação pelo golpe à nossa extrema pobreza e polarização de renda. “Como a apropriação do excedente econômico não se realiza principalmente por meio do mercado mas do Estado, a probabilidade de que facções das elites recorram ao golpe de Estado quando se sentem ameaçadas é sempre grande.” Diz ainda que nossas elites “estão quase sempre associadas às potências externas e às suas elites.” Daí, diz ele ”O que vemos na imprensa, além de ameaças de golpe é o julgamento negativo dos seus governantes...”

A incompatibilidade entre governos populares portadores de projetos nacionais e a mídia oligárquica é de tal ordem que muitos desses governantes tiveram que jogar o mesmo jogo do autoritarismo, para dela se proteger. Getulio criou a Hora do Brasil como programa informativo de rádio para defender a revolução tenentista contra a oligarquia ainda em 1934, quando o regime era democrático, fundado na Constituição de 34. No Estado Novo foi ao extremo de instituir a censura previa através criando o Departamento de Imprensa e Propaganda. (DIP). No em seu retorno democrático, estimulou Samuel Wainer a criar sua cadeia Última Hora.

(...)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Justus - um programa para um país injusto!


"O Aprendiz" da rede Record, na última quinta-feira, me convenceu que o empresário Roberto Justus é um "burguesão", como já diria o Erik, vulgo Che!
Além de Justus, a direção do programa, segue o mesmo rumo e ideologia: disseminar o capitalismo, num perfil de empresário arrogante e ditador, com uma lavagem cerebral em "puxas-sacos", denominados "aprendizes". Os telespectadores, por outro lado, tomam o papel de alunos como se fosse uma sala de aula, em que se aprende a competir e se dar bem na vida. Mas e quando o telespectador está fora da realidade do luxo do programa??
Como eu disse, a última quinta-feira me surpreendeu, ainda mais! A equipe vencedora da prova do dia, teve como prêmio R$10.000,00 para torrar no lugar mais propício: shopping. Nada mais, nada menos. Gastar em que quisessem. O prêmio e o programa daquela noite, por fim, acabam sem antes um dos participantes dizer em não saber mais em que gastar e encher um carrinho de supermercado com bichinhos de pelúcia e futilidades.
Então, o cortador de cana, lá do interior do Mato Grosso, que sustenta família com salário mínimo fica se perguntando o que faria com tanta "dinheirama" assim para gastar. E toda a população de massa deve se perguntar o que é empreendedorismo, marketing e blá blá blá. Eles deveriam ensinar para o Justus como administrar a vida assim, na miséria. E eu, então, me pergunto: por que ainda questionamos o porquê do Brasil ser tão desigual?

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Obras em ano eleitoral gera discussão em Amparo



Parte da população define as obras como eleitoreiras, mas a prefeitura se defende justificando que já estavam em planejamento


Amparo, cidade do interior paulista, governada pelo Prefeito César Pagan (PT) que está em seu segundo mandato e, portanto não poderá se reeleger está passando por três grandes obras de infra-estrutura. Para algumas pessoas, os projetos têm caráter eleitoreiro, mas a prefeitura se justifica dizendo que estes são projetos de anos anteriores. O radialista da cidade Carlos Alberto Martins, que possui um quadro em seu programa chamado “Boca no Trombone” no qual faz críticas ao governo, acha que executar as obras neste ano de eleições faz parte de um planejamento político eleitoral. “Seria estranho achar que isso é coisa do acaso. Claro que o cunho eleitoral está embutido nas obras, isso não é novidade no nosso país”, diz o radialista.
A administração pública se defende das acusações. De acordo com a assessoria de imprensa, as três obras: reabilitação do centro cidade com abaixamento da fiação do centro; projeto de tratamento de esgoto com reconstrução da marginal e revitalização do Mercado Municipal são projetos que só puderam ser executados agora. O tratamento de esgoto, assim como as demais, é um projeto que teve início no primeiro mandato. Porém, pelo processo burocrático que teve a primeira aprovação no final de 2004, passando pela aprovação técnica e resultando na aprovação geral e liberação de verbas no final de 2006, elas só puderam iniciar em 2007 e serão finalizadas em agosto deste ano. Além disso, o assessor de imprensa da prefeitura, Alcides Pereira Bueno Neto, diz que muitos investimentos vêm de outros órgãos públicos, como do governo estadual e federal. “Essas obras tem recursos de fora, só pudemos iniciá-las a partir da liberação do recurso”, diz Neto. Outra justificativa da prefeitura é que a cidade tinha muita dificuldade de conseguir financiamento, pois até a criação da Lei de responsabilidade fiscal, em 2000, a cidade tinha muitas dívidas e atrasos nos pagamentos.
Mesmo que os processos de licitação tenham tramites burocráticos que podem demorar anos, para a população acaba sendo comum achar que todas as ações nesta época são atitudes vinculadas a interesses políticos. Com esse conceito, o candidato pode construir uma imagem negativa ao executar esses projetos.
Para o professor e cientista político, Pedro Rocha Lemos, executar obras em ano eleitoral pode advir de interesses políticos, assim como estar vinculado a planejamentos administrativos, como se justificou a prefeitura. No entanto, acredita que mesmo sem interesses eleitorais, o político busca tirar um proveito para se beneficiar. “A sobrevivência do político depende da forma como ele vai aparecer na mídia e como ele vincula o seu nome em determinadas obras, esse é o universo da política”, diz Lemos.
Por outro lado, a população também tira proveitos particulares de benefícios concedidos em campanhas eleitorais. “O jogo da política não é um jogo só do político, é um jogo da população também, então a população joga e tira proveito disso”, diz o cientista.
A estudante Gláucia Cristina Scavassa acredita que as obras de Amparo são eleitoreiras, mas que esta é uma forma do governo fazer algo para a população. “De certa forma é bom porque a gente acaba se beneficiando, pois todos os políticos só fazem obras em ano eleitoral”, diz a estudante.
Já para o estudante Adilson Jorge, as obras não são eleitoreiras, pois fazem parte de um planejamento. “Na verdade desde 2004 o governo está tentando conseguir verba para obras e somente agora foi conseguido. Essa iniciativa partiu desta gestão, do prefeito César”.


por Bruna Lidiane

Foto: Adilson Jorge

domingo, 1 de junho de 2008

O que restou de 68


O ano de 2008 está sendo um pretexto para muitas lembranças da história do nosso país e do mundo. Em 1968, o Brasil e o mundo viviam uma situação jamais repetida. Mas, será que as pessoas sabem que hoje vivem o resultado da luta de uma geração? Em países como a França e os Estados Unidos as ruas eram palco para manifestações. A política do país era cenário que movia todo um afloramento de idéias e ações. Indignação com a repressão contra as mulheres abriram as portas para os movimentos feministas. Mobilizações contra a guerra da Argélia, na França e contra a guerra do Vietnã, nos Estados Unidos, entre outros fatores políticos, resultavam em ameaça ao governo e ao fortalecimento dos revolucionários.

Hoje, o Brasil vive uma política democrática, resultado de uma luta apaixonante e sacrificada. Há exatamente quatro décadas, a luta aqui era contra a ditadura, que impunha autoritarismo e censura à livre expressão. Será que as pessoas, descendentes de uma geração sonhadora e corajosa, conhecem a importância de 1968 e dos anos que se seguiram? Como uma vez observou Ivan Lessa, “o que dizer de um país que a cada quinze anos esquece os últimos quinze anos?”. A política, de fato é outra. Não há censuras, há democracia e, portanto, não é necessário aderir à luta armada, fugir do país ou mudar de identidade. No entanto, reconhecer e utilizar os direitos conquistados para nós é a forma mais branda de reconhecer o que somos hoje e o que foi um dia toda uma geração.

Em ano eleitoral como este, é fato visível e comum o desinteresse das pessoas por política. Mais comum são os cidadãos que optam por não votar e que perante a lei dão uma justificativa meramente simbólica. O que antes era o motivo para lutar com tanta audácia, hoje é um dever comumente desprezível. Se hoje a internet, principalmente através de “blogs”, propicia que qualquer pessoa, independente de idade, sexo, visão política, religião ou classe social, tenha direito de se expressar, é porque um dia isso foi conquistado.

O cenário do país é outro, as necessidades são outras. O que o país precisa hoje são de pessoas conscientes de seus direitos e de suas responsabilidades como cidadão. O país precisa de pessoas que estejam cientes das crises de corrupção que o país constantemente vive e de estudantes antenados com seu papel na sociedade. Sociedade esta que insiste cada vez mais em distanciar ricos e pobres, num capitalismo ridiculamente impositor do consumismo, do individualismo e da lucratividade.

A atual geração arrasta hoje pouco da personalidade do passado, mas muito da conseqüência daqueles atos. Quarenta anos fizeram muita diferença. As idéias que um dia levantaram bandeiras resultaram no que somos nós hoje, com uma capacidade ainda maior, mais forte, mais eficaz em mudar o Brasil, plantaram em nossas mãos as condições, com raiz forte e duradoura.