quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Rio de Janeiro sob olhos burgueses


Sim, o Rio de Janeiro continua lindo. Essa era a resposta para muitas perguntas que me vinham à tona quando cheguei de uma viagem inesquecível à cidade maravilhosa.
Um sonho encubado dentro de mim há anos. Conhecer de fato o clima carioca, me fez amar ainda mais a maresia senera que cai sobre a cidade no inverno quente que se estendia por lá, pelo menos neste ano.
E as balas perdidas? Muito trombadinha em Copacabana? E a linha vermelha? Não vi bala perdida. Não fui roubada por um arrastão. Passei na linha vermelha e vi favelas, uma de cada lado, apenas. E, diante disso, me questiono será que estou inerte, mergulhada ao conto de fadas carioca das músicas "jobinianas", da bossa nova ou das novelas de Manoel Carlos?
Não sei. Apenas sei que me apaixonei pela cidade que se veste de alegria, de vida, de emoção em cada esquina, em cada praia que em cada onda traz o mar dentro da cidade. E Drummond estava certo quando diz que no mar estava escrita uma cidade.
Eu poderia me abalar e de fato me abalei - não constantemente pois fui incendiada pelo deslumbramento daquilo que não pertence a minha constante realidade - com as portas que trabalhadores abriam delicademente para eu entrar, com os garçons a me servir, assim como serviçais. Meus olhos tornaram-se portanto e por algum tempo tão burgueses que tive medo de ver a cidade mais marvilhosa do que ela mesmo se propõe a ser.
E, de fato, existem dois lados inevitáveis. A orla se distancia do subúrbio. A vida cheia de graça, calorosa, não pertence aos morros cariocas, pois é a vida dura de muita gente trabalhadora, igual aqui e em todo lugar.
Tornei a pensar. No entanto, mesmo visto pelos meus temporários olhos burgueses, não há como se enganar porque a beleza natural, incomparável, interminável e inexplicável está ali, para quaisquer olhos verem. E esta paisagem foi criada por um só, é de todos e não é de ninguém.
Portanto, sim, o Rio de Janeiro continua incessante e emocionadamente lindo.

Um comentário:

ADILSON JORGE disse...

Mas como contar aquilo que só o coração pode entender? Certo, frase modificada de WAVE, do maestro dos maestro Tom Jobim. Opa! Mas a música é outra.

AQUELE ABRAÇO! Sim, o Rio deve continuar lindo. A porta de entrada do Brasil é a cidade abençoada por Deus. Beleza natural. Agitação na medida certa. É, parece que é mesmo a cidade maravilhosa.

Ficar deslumbrada com o Rio não é uma coisa difícil, convenhamos. Ainda mais quando, como você, Bruna, passasse tanto tempo imaginando andar a pé por Copacabana, ou de bicicleta ao som de SO NICE, cantada por Bebel Gilberto, de uma maneira mágica e, até mesmo, irreal, como a ficção de Manuel Carlos. Aliás, novelas que até a mim servem de inspiração.

O mais interessante do Rio é que a sua beleza é democrática. A vista é bonita do último apartamento do Copacabana Palace ou de uma janela da casa mais simples feita de papelão na Rocinha. E o mais importante: com o Cristo Redendor (de braços abertos sobre a Guanabara) abençoando a todos.

O que impede um favelado de andar pelo calçadão de Copacabana? O olhar desconfiado das madames com seus cachorros ou as máquinas fotográficas - de última geração - dos turistas estrangeiros que acham tudo exótico e interessante? Nada. A democracia parece reinar quando o assunto é a beleza.

O importante é lutarmos sempre. Não para que esse mesmo favelado possa entrar num restaurante com os garçons a servir, mas que, antes de tudo, que a comida - em fartura para alguns - não seja um ilusão, um oásis, novela do Manuel Carlos, para os marginalizados do Rio de Janeiro; mas uma coisa real, como a beleza da cidade.

Nosso dever é continuar a lutar - através da imprensa, como é nosso caso - para que o Rio continue lindo para todos. Ou melhor, THAT WILL BE SO NICE.

Bruna, aquele abraço!!!

(além de beijos)