sábado, 30 de agosto de 2008

veja a educação pela Veja




Faltou-me tempo, faltou-me dedicação. Há uma semana venho adiando o que muitas páginas já deram, mas a minha indagação e indignação continuam aqui.
Na edição do último dia 20, a Veja superou os limites do jornalismo sério. Muito eu ouvia da revista, sua tendenciosidade e falta de seriedade, mas me permiti compovar, mais ainda, na matéria sobre educação: "Você sabe o que estão ensinando a ele?"
Na reportagem de Monica Weinberg e Camila Pereira, sem rodeios - como inicia a matéria - o texto fala de Che Guevara, Paulo Freire e Marx como inspiradores para uma doutrinação esquerdista pelos professores na educação brasileira, tanto pública quanto privada.
Abaixo, um trecho - para mim - o mais surpreendente do tendencionismo e da banalização de grandes pensadores que acrescentaram em muito na luta pela igualdade social.

"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de aprovação de citações positivas, 14% neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico e teórico alemão Abert Einstein, talvez maior gênio da história da humanidade."

Paulo Freire foi o grande criador do método de educação para adultos, em que parte do princípio que a alfabetização se dá partindo da realidade do educando. Passou da teoria à prática nas áreas carentes do Nordeste. A fúria da Veja é contra qualquer ascenção das classes menos favorecidas e, qualquer um que possa propiciar isso, não serve para ela.
A revista se baseou em pesquisas para assumir e publicar que professores disseminam ideologias esquerdistas aos alunos. Entre elas, a mais indignante para a Veja foi a de que para 78% dos professores, atribuem à escola, antes de tudo, a função de "formar cidadãos" à frente de "ensinar a matéria" ou "preparar as crianças para o futuro".
Para a Veja, formar empresários capitalistas que enriquecem a classe dominante vem antes de qualquer base, fundamentação e conceito de cidadania. É por isso que as coisas estão como estão.
O problema não é a Veja ter uma visão. O grande problema é as pessoas tê-la como fonte de informação e se basearem nela para formar opinião.
Se quiser fazer um jornalismo tendencioso, que assim o faça, assumindo o seu lado, a sua posição, como tantos veículos de esquerda e alternativos.
Está na hora de termos um olhar mais crítico sobre a mídia e não aceitar tudo o que nos é transmitido.
É preciso tirá-la do topo de mais vendida no Brasil, antes de uma lavagem cerebral.
Foto: Veja Online

A Voz

Passeando pela blogosfera, me deparei com o blog do "astro" do CQC, Marcelo Tas.
Contemplando, pois, sua genialidade (que assim conheço desde o "porque sim não é resposta") resolvi, então, colocar o seu blog meus favoritos ou em 'eu recomendo'!

Mas, antes disto, precisei registrar aqui: a voz! Sim, impossível não ler cada linha de seu texto tendo em mente, como uma locução, a sua voz entonada e marcante. Vale a pena dar uma passada pela sua página, porque porquê sim nãoé resposta para nós!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Da elite ao povo e vice-versa

Ano da bossa. Tão evidente, talvez, tanto quanto há 50 anos atrás, quando nasceu em "Chega de Saudade". Para comemorar, eventos e shows vem para jobiniar os palcos, principalmente cariocas e paulistas.
Na última segunda-feira, uma junção alternativa, dificilmente vista. Caetano Veloso e Roberto Carlos cantaram as músicas do rei. Mas não! Não esse rei, o da Jovem Guarda. O rei da Bossa Nova, enterno Tom Jobim.
Lendo uma crítica, muito interessante, no blog musical "Ruido", de Pedro Alexandre Sanches, percebi o que há um tempo tinha pensado. Bossa é bossa, popular é popular.
O show desta semana, independente do desempenho dos cantores, causou efeito. Roberto Carlos representa uma geração diferente do que representa Caetano.
Na década de 70, Odair José, com a música "Pare de Tomar a Pílula", foi censurado na ditadura militar tanto quanto Chico Buarque, mas por motivos diferentes. Numa entrevista ao site "Censura Musical", Odair José, parecendo-me até desabafar o quanto, naquela época, distanciava-se musicalmente o povão do intelectual.
"As músicas do Chico Buarque eram proibidas e quem gostava das músicas do
Chico não era a sociedade de uma maneira geral, era mais um grupinho", disse Odair José.
O show de Roberto e Caetano permitiu uma bossa ampla, parecendo esparramar-se e, contudo, derramar gotas por todos [diferentes] cantos.
Vale a pena conferir:

Foto: Folha Online


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Reunião da confraria militar

Para cerca de 600 espectadores, o General Gilberto Barbosa de Figueiredo falou, promoveu palestras e juntou a confraria militar no Salão Nobre do Clube dos Militares, no Rio de Janeiro para debochar do governo e da classe baixa da sociedade brasileira.

A reunião, que ocorreu no último dia 07, foi um protesto contra a possibilidade de contestação à Lei de Anistia e abertura de processos contra torturadores da ditatura militar.

O evento veio a calhar talvez por, dias antes, o Ministro da Justiça Tarso Genro e o secretário especial de direitos humanos Paulo Vanucchi terem defendido a punição dos torturadores a serviço do estado.

Algumas frases dos que estavam presentes na reunião mostram a aclamação ao autoritarismo e o dramático pavor ao comunismo, socialismo, Marx e tudo mais que possa pôr em risco o sistema ditatorial. Foram, portanto, publicadas na Carta Capital por Leandro Fortes, que cobriu a instinta reunião de idéias calcadas de conservadorismo.

“A anistia de 1979 não era para idealistas que rompiam com a legalidade na esperança de um país melhor. Era anistia para marxistas, marxistas-leninistas, revolucionários maus, perversos, que não perdoam a derrota”. (General Sérgio Augusto Coutinho, ex-chefe do CIE)

“O revanchismo não é só um prazer de quem faz, porque esse prazer é de uma pessoa que é um revolucionário, que é um marxista-leninista, e, portanto, ele tem ainda um sonho, o sonho do socialismo do proletariado”. (General Coutinho, provavelmente se referindo ao ministro Tarso Genro ou ao presidente Lula)

“O pessoal que hoje se insurge contra a lei que os beneficiou estava fora do País, não estava nem trabalhando. Estavam (sic) vivendo às custas de dinheiro da conspiração internacional”. (Ribas Paiva, sobre o que ele alega ser a ingratidão da esquerda com a Lei da Anistia)

“Na Polônia, elegeram um metalúrgico, fez (sic) a experiência. Mas os poloneses tiveram inteligência suficiente de elegê-lo uma única vez e nunca mais! Aqui, demos um exemplo magnífico para a história dos povos e elegemos um metalúrgico, inclusive com o charme de falar (sic) com quatro dedos. Não tivemos a sabedoria dos poloneses e o reelegemos. A culpa é nossa, temos que aturar. Mas o mandato é certo, no final, vão sair. O presidente, o ministério e toda a turma que subiu com ele vai ficar (sic) nos seus devidos lugares. Ele será, sem dúvida nenhuma, um excelente presidente de sindicato, isso, provavelmente, dos metalúrgicos. Se for dos professores, vai meter os pés pelas mãos, como está metendo no governo”. (Zveiter, tropeçando no português, zombando da deficiência física do presidente Lula e insuflando o preconceito de classe, sob aplausos e gargalhadas, no Clube Militar)

Foto: Carta Capital

domingo, 17 de agosto de 2008

Depende do ponto de vista, no caso americano


Tradicionalmente, a lista de classificação de medalhas nas Olimpíadas é feita pela quantidade de medalhas de ouro adquiridas. No entanto, os EUA através da sua imprensa, vem aderindo um novo método para se beneficiar, uma listagem com a contagem do total de medalhas, o que faz com o que os americanos tomem o primeiro lugar na classificação.
Na Índia, Alemanha e Argentina o site oficial do Comitê Olímpico, o quadro de medalhas é encabeçado pelo maior ganhador de medalhas de ouro, que neste ano é a China e em segundo lugar os EUA.

No portal online do jornal "The New York Times", essa afirmação concretiza a prepotência dos EUA até nos esportes.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Olimpíadas: maquiando a verdadeira China


As Olimpíadas de Pequim fez com que a China ficasse em evidência na mídia do mundo inteiro. E a China quer e tenta fazer com que o mundo a veja mais excepcional do que ela possa ser. Com o lema "Um Mundo, Um Sonho" é a oportunidade do governo chinês mudar sua imagem, principalmente com a condenação mundial obtida após a matança na Praça Tiananmen em 1989, além de tantos outros feitios característicos desta terra oriental.
No site do Carta Maior, Ignacio Ramonet faz uma análise do que a China de fato é, socialmente e economicamente.

Veja alguns trechos:

(...) Por isso o êxito das Olimpíadas é tão primordial para eles e o primeiro-ministro Wen Jiabao insiste nas consignas de "harmonia" e de "estabilidade". Isso também explica a brutalidade da repressão contra a revolta do Tibete em março passado, assim como o furor das autoridades contra as manifestações que perturbaram, em alguns países, a passagem da tocha olímpica. Ou a rapidez no envio de auxílio aos afetados pelo terremoto de Sichuan de 12 de maio. Nada pode perturbar a consagração mundial da China neste ano olímpico.
Estes Jogos celebram os trinta anos desde o início das reformas impulsionadas em 1978 por Deng Xiaoping que permitiram o milagre econômico e o excepcional renascimento da China. Certo é que os seus triunfos impressionam. O PIB chinês duplica a cada oito anos e, em 2008, o seu crescimento pode ultrapassar os 11%.
Com uma população de 1,35 bilhões de habitantes - igual à soma das Américas (900 milhões) com a Europa (450 milhões), este país já é a terceira economia do planeta: ultrapassou a Alemanha, ultrapassará o Japão em 2015 e pode superar os Estados Unidos em 2050. A China tornou-se o primeiro exportador mundial e o principal consumidor do planeta. Mas esse milagre tem vários lados ocultos.
Em primeiro lugar, as graves violações em matéria de direitos humanos, que contradizem os valores do olimpismo. Por exemplo, a China leva a cabo mais de 7.000 execuções capitais por ano, ou seja, 80% de todas as penas de morte aplicadas no mundo. Além disso, a estabilidade deste colosso vê-se ameaçada por outros perigos: uma previsível quebra bolsista, uma inflação desmedida, um desastre ecológico e motins sociais que se estão multiplicando.
Neste momento, o número de ricos não pára de aumentar. A China já tem 250.000 milionários em dólares. Mas as políticas liberais do sistema também fizeram aumentar as desigualdades entre ricos e pobres, entre ganhadores e perdedores. 700 milhões de chineses (47% da população) vivem com menos de dois euros por dia; destes, 300 milhões vivem com menos de um euro diário. O "milagre" assenta na repressão e exploração de um imenso exército de trabalhadores (os que fabricam para o mundo inteiro todo o tipo de bens de consumo baratos). Às vezes trabalham entre 60 e 70 horas por semana, recebendo menos do que o salário mínimo. Mais de 15.000 operários morrem em cada ano em acidentes de trabalho. Os conflitos sociais têm aumentado anualmente 30%: greves selvagens, revoltas de pequenos agricultores, além do escândalo das crianças escravas.
O atual contexto é propício ao descontentamento, pois na China, como em muitos países, o incremento do preço dos alimentos e da energia (a 19 de junho passado, o governo aumentou o preço dos combustíveis em 18%) traduz-se numa subida da inflação (que alcançava os 7,7% em maio) e uma consequente degradação do nível de vida. As autoridades temem a ameaça de uma inflação desestabilizadora que poderia provocar manifestações de massas semelhantes às que foram afastadas da Praça Tiananmen em junho de 1989.
A tudo isto soma-se o perigo de uma catástrofe ecológica que cada dia preocupa mais os cidadãos. O próprio ministro do Meio Ambiente, Pan Yue, admitiu a enormidade do desastre: "Cinco das cidades mais contaminadas do planeta encontram-se na China; as chuvas ácidas caem sobre um terço do nosso território; um terço da nossa população respira um ar muito contaminado. Em Pequim, 70% a 80% dos casos de câncer têm por causa o meio ambiente degradado".
Todos os descontentes da China vão querer aproveitar o grande evento das Olimpíadas e a presença de 30 mil jornalistas estrangeiros para expressar as suas iras. As autoridades encontram-se em estado de alerta máximo. Sonham poder desativar o gigantesco barril de pólvora social a ponto de rebentar. Para que os Jogos de Pequim não incendeiem a toda a China.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Bolsa Família tem desligamentos voluntários


Poucas vezes ouvimos falar dos benefícios do Bolsa-Família. De fato, o que está mais visível na mídia e na boca das pessoas - classe média e alta - são as críticas a projetos assistencialistas como este.
No entanto, a edição de ontem (11/08) do Estadão me surpreendeu. Uma matéria de página inteira falando de beneficiados do sistema que, ao melhorarem as condições de vida, pedem voluntariamente o seu desligamento.
A matéria já inicia com um diferencial, tendo na íntegra a pequena carta de uma beneficiária do programa em que pedia para ser desligada. Eis a carta abaixo:

"Bom dia! Eu, Sueli Miranda de Carvalho Silva, venho, por meio destas linhas, agradecer os idealizadores do Bolsa-Família, os anos que fui beneficiada. Ajudou-me na mesa, o pão de cada dia. Agora, empregada estou e quero que outro sinta o mesmo prazer que eu, de todo mês ser beneficiada. Obrigado."

Até agora, desde a criação do programa em 2004, constam mais 60 mil pedidos de desligamento, sendo a maior parte na região sul e sudeste. Dados como estes mostram que as pessoas não estão se acomodando, diferente do que está sempre na boca do povão.
O fato é que para a maioria das pessoas beneficiadas, uma renda extra no final do mês ajuda em muito no sustento da família. Portanto, para não perder o auxílio, a ida à escola torna-se um compromisso forte e constante para pais e filhos.
Para incentivar atitudes voluntárias de honestidade como esta, o governo permite que caso a família necessite novamente da bolsa, ela pode se reinscrever. Em outra situação, quando o governo verifica o aumento da renda, a família tem um prazo para ter a certeza de que conseguirá se manter e não voltar para a linha de probreza.
Claro que não podemos generalizar. Há muitas pessoas que se aproveitam do assistencialismo, mas tem muita gente que necessita e aproveita muito bem o benefício. O senso comum deveria deixar de ser senso comum, dissipando opiniões meramente anti lulistas.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Para quem vale a lei? II

Quem não leu o editorial da Folha de ontem, domingo, vale a pena conferir. Debatendo sobre a decisão judicial o STF, relaciona-se o fato em questão com decadência e a falta de credibilidade da justiça brasileira.
Abaixo, o trecho do último parágrafo:

"Qualquer que sejam a classe que pertençam, a ineficiência do sistema ajuda os culpados e prejudica os inocentes. Lentidão e desigualdade manietam as ações da Justiça no país; um par de algemas invisível, na verdade, no qual não há súmulas capazes de libertá-la a curto prazo".

Folha de São Paulo - 10/08/2008

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Para quem vale a lei?

Apenas agora, depois da operação Satiagraha, o Supremo Tribunal Federal decidiu editar uma súmula vinculante, ou seja, em que juizes são obrigados a seguir o entendimento adotado pelo STF, sobre uma jurisprudência (conjunto de leis) já consolidadas.
O assunto em questão é que apenas poderão ser algemados, em exposição pública, pessoas que têm um risco de fuga ou ameaça. Mas a dúvida paira no ar. Por que isso, agora?
Gilmar Mendes, ministro do STF, disse que a decisão não tem nenhuma ligação com a operação que mostou na televisão, algemados, Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas. A decisão é justificada de que está havendo uma exposição excessiva e uma afronta à dignidade humana.
Mera coincidência? Pode ser. Mas chora menos quem pode mais.

por Bruna Lidiane

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Rio de Janeiro sob olhos burgueses


Sim, o Rio de Janeiro continua lindo. Essa era a resposta para muitas perguntas que me vinham à tona quando cheguei de uma viagem inesquecível à cidade maravilhosa.
Um sonho encubado dentro de mim há anos. Conhecer de fato o clima carioca, me fez amar ainda mais a maresia senera que cai sobre a cidade no inverno quente que se estendia por lá, pelo menos neste ano.
E as balas perdidas? Muito trombadinha em Copacabana? E a linha vermelha? Não vi bala perdida. Não fui roubada por um arrastão. Passei na linha vermelha e vi favelas, uma de cada lado, apenas. E, diante disso, me questiono será que estou inerte, mergulhada ao conto de fadas carioca das músicas "jobinianas", da bossa nova ou das novelas de Manoel Carlos?
Não sei. Apenas sei que me apaixonei pela cidade que se veste de alegria, de vida, de emoção em cada esquina, em cada praia que em cada onda traz o mar dentro da cidade. E Drummond estava certo quando diz que no mar estava escrita uma cidade.
Eu poderia me abalar e de fato me abalei - não constantemente pois fui incendiada pelo deslumbramento daquilo que não pertence a minha constante realidade - com as portas que trabalhadores abriam delicademente para eu entrar, com os garçons a me servir, assim como serviçais. Meus olhos tornaram-se portanto e por algum tempo tão burgueses que tive medo de ver a cidade mais marvilhosa do que ela mesmo se propõe a ser.
E, de fato, existem dois lados inevitáveis. A orla se distancia do subúrbio. A vida cheia de graça, calorosa, não pertence aos morros cariocas, pois é a vida dura de muita gente trabalhadora, igual aqui e em todo lugar.
Tornei a pensar. No entanto, mesmo visto pelos meus temporários olhos burgueses, não há como se enganar porque a beleza natural, incomparável, interminável e inexplicável está ali, para quaisquer olhos verem. E esta paisagem foi criada por um só, é de todos e não é de ninguém.
Portanto, sim, o Rio de Janeiro continua incessante e emocionadamente lindo.