quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Quando a gente cresce ...

Sei que estou perdendo o foco. Há coisas muito mais importantes para tratar aqui, mas não deixarei de compartilhar algumas reflexões que tomaram meus dias. Há alguns dias atrás eu percebi que cresci. Ora, como não?! Será que descobri isto tarde?!

Minha melhor amiga me ligou dando a notícia: vou me casar! Nesse momento, entre uma fala aqui e mais alguma do outro lado da linha, me dei conta que não éramos mais duas adolescentes espevitadas a procura de aventura, nem duas meninas descobrindo o mundo, tentando se esquivar das asas de nossos pais, com histórias mal contadas, mentiras deslavadas. Tive medo do tempo. Mas, a situação se agravou mais ainda quando encontrei num sebo (adoro comprar livros em sebos, tem cheiro de ... sebo!, uma sensação de reaproveitamento) um que eu já havia lido duas vezes, quando estava no colegial. Eu simplesmente era apaixonada. Quando voltei a ler, percebi o quanto eu havia mudado.

O livro é "Anos Rebeldes", de Gilberto Braga (este mesmo da TV Globo). Alguns trechos que achava o máximo nos meus 15 anos, hoje não faz mais sentido. Naquele tempo, eu suspirava com os trechos do diário escrito pela personagem Maria Lúcia, o amor não correspondido que Edgar carregava, o ideal revolucionário de João. Acho que eu cresci. Estou lendo, mas não suspiro mais.

Será que quando crescemos perdemos a capacidade de fantasiar ? Me lembro que antes de durmir costumava criar histórias sobre situações que eu gostaria que acontecessem. Era como um filme escrito apenas na memória que ia rodando, rodando ... até eu adormecer. Com o passar dos anos passei a me policiar. É que nem sempre as coisas acontecem como a gente quer e para não ter aquele sentimento de frustração, eu deixei de sonhar.

Será que este é um sinal de que a vida adulta está chegando? Outros sinais a gente conhece: moramos sozinhos, temos conta no banco, cartão de crédito, dirigimos. Saímos e voltamos sozinhos sem precisar segurar a mão de ninguém para atravessar a rua. Mesmo que a cidade onde estejamos seja bem maior e uma difícil novidade.

Alguns se passaram e só me dei conta agora que deixar de criar histórias. E isso me levou a uma saudadezinha. Talvez eu esteja crescendo e por isso parei de fantasiar. Mas pode ser que meu coração já esteja cansado dessa real realidade e esteja querendo a minha felicidade guardar.

4 comentários:

ADILSON JORGE disse...

Fico obrigado a voltar aqu para fazer um comentário sobre esse post. Fez eu pensar em algumas coisas que julgo interessantes.

Aguarde!

Bruna Mozer disse...

Quero saber! Estou ansiosa! rs

ADILSON JORGE disse...

Quando eu era criança tinha uma rua enorme que precisava caminhar para chegar a escola. Hoje, não demoro mais do que 5 minutos para percorrê-la. É estranho - e ao mesmo tempo fascinante - como as nossas ideias, convicções etc. se transformam com o tempo. E é bom que isso ocorra. Na escola, por exemplo, a gente passa a maior parte do tempo tentando impressionar pessoas das quais a gente não lembra mais nem o nome. Tinha um na minha sala que se gabava por saber desenhar o simbolo da marca FOX (ainda existe?) na lousa, até que um dia, quando chegamos, vimos que alguém tinha deixado um desenho muito melhor e com a frase "Aprende como se faz!". Foi o ponto de parar de desenhar para ele.

O que me atormenta é que sentimos que o tempo está passando não por nós mesmos, mas reparando nos que estão a nossa volta, aqueles amigos com os quais brincamos de esconde-esconde e pega-pega na rua.

O Rafael é policial e tem uma filha. Renan mora em São Paulo com a namorada. A Ana Paula casou. Karina, minha melhor amiga em todos os anos de minha infância, também vai casar (nem nos vemos mais e duvido que um convite chegue às minhas mãos). Temos uma enfermeira, uma administradora, um psicólogo que está terminando o mestrado, uma fisioterapeuta etc etc. E até ontem, todos éramos aquelas crianças que íamos na escola com a cabeça já imaginando o que faríamos à noite, todos sentados na frente da casa de alguém.

Logo, não é à toa que também nos comparamos com esses amigos. Uma comparação de obras já realizadas. Tal tem namorada, carro do ano, mas não tem universidade. Fulano tem faculdade e está casado. Ciclano está solteiro e com um ótimo emprego. E eu? Bem, ...

Outra coisa que me espanta é perceber que aquelas crianças que víamos, irmãos e irmãs menores de nossos amigos, não são mais crianças.

Quando a gente é criança sonha em ser muitas coisas: artista, bombeiro, veterinário, astronauta, atleta; às vezes parece que crescer é como desistir dessas coisas uma a uma.

Mas, é só acostumar.

Existem horas que penso: estou me formando ... o que vou fazer da minha vida? Tem horas que acredito que seria tudo mais fácil se eu sonhasse com um futuro como alguns amigos meus: um emprego com carteira assinada - alguns na produção das empresas mesmo - com as contas para pagar, impostos, cidadão respeitado, com esposa, filhos, comida pronta quando chegar em casa, futebol às quartas e domingos. Mas a vida é uma caixinha de surpresas. A gente cresce, muda de amigos e de sonhos e torce para que no fim dê tudo certo.

Unknown disse...

Ei. Eu acho que sei quem é essa sua amiga....huauhauhauha....Por acaso não seria minha namorada? huauhauhauh...Cuidado, hein? Vou começar a pedir royalties pelo uso do nome da família...hehehe...A propósito, grande texto. Parabéns...