Naquele sábado a noite, quando sai pelo porta do apartamento buscando o botão que chama o elevador, senti teu cheiro. Foi tão real que refiz o mesmo passo para sentir de novo aquele perfume. Foi tão intenso que poderia ir e voltar mil vezes e aquela fragância permaneceria ali, como se estivesse ao meu lado. De tão surreal que aquilo aparecia que até ri, de mim mesma.
A memória é mesmo traidora. Agora, se tento lembrar aquele teu cheiro nada me vem à mente para consolar essa saudade que sinto dos teus carinhos e da tua presença. E se peço à ela que apague então o momento em que te conheci e todos aqueles em que passei ao teu lado, ela me nega, fria. Diz que não há como me fazer esquecer. Me diz que sua função é guardar e zelar pelos momentos dos quais passei e que tenham significado intenso e marcado a minha vida de forma boa ou ruim. O resto, ela joga fora, descarta sem dó.
Mas em um ato de desespero, eu insisto. "Não quero mais essas lembranças", digo à ela. Eu não quero mais me lembrar dos nossos beijos. Não quero mais me lembrar dele quando ligo a TV e está passando futebol. Não quero colocar aquela blusa que me faz lembrar do primeiro dia em que almocei em sua casa. Quero que o dia 26 volte ser como qualquer outro dia do calendário. Quero apagar seu nome da agenda do meu celular e não saber mais em que número te ligar. Quero esquecer o caminho da sua casa. Quero esquecer teu nome, teu email, a tua idade. Quero esquecer teu gosto. Quero apagar dos meus ouvidos a tua voz.
Quero me esquecer dos nossos planos, da cor do teu cabelo, dos seus olhos apertadinhos. Quero esquecer para que time torce, quais são os seus ídolos. O toque do seu celular. Quero apagar da minha memória as nossas conversas pela madrugada sob aquela imagem de um céu claro da noite emoldurada pela janela da sala. Quero me esquecer o teu jeito de me olhar, que dizia tanta coisa, sem disfarçar.
Quero esquecer porque começou, porque continuou e porque agora chega ao fim. Mas não adianta eu implorar. "Memória, você é minha, porque não me obedece?", suplico amargurada. Insisto. Mas ela não me responde, permanece em silêncio. É que a resposta está com meu coração.
Sob Contextos
Além do comum. Além do que nos impõem. Sob Contexto do que vemos e do que não percebemos.
quarta-feira, 2 de março de 2011
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Mãos Dadas
Sem inspiração, recorro-me a Carlos Drummond de Andrade.
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Memorial
É difícil explicar essa sensação. Ao mesmo tempo que paira no ar um tremendo alívio e sentimento de dever cumprido, é impossível não sentir certa nostalgia, uma precipitada saudade. Mas, só tenho a agradecer. A tão sonhada faculdade terminou da melhor maneira possível, mais até do que eu imaginava que poderia ter como fim. Muita emoção e uma gratificante esforço. Este é o meu memorial:
Ao nos fazerem, quando ainda somos crianças, a fatídica pergunta do que queremos ser quando crescer, as respostas são simples e incisivas: professora, bombeiro, médico... Mas quando perguntamos a nós mesmos, do primeiro até quarto ano da faculdade, se é “isso mesmo queremos fazer na nossa vida”, a resposta vem cerceada de dúvidas. Apesar de algumas certezas, é impossível não haver questionamentos que nos levam a uma autoanalise na tentativa de descobrir o que realmente queremos. Durante as aulas, não foram poucos os momentos em que questionei se ali estaria realmente semeando um futuro brilhante e uma carreira promissora. Também não foram poucas as vezes em que ouvi as esgotadas ladainhas de que o mercado está saturado, de que na área de jornalismo paga-se mal e de confundirem jornalista com apresentador de programa de televisão.
Ao longo desses quatros anos muita coisa mudou. E para melhor, sem dúvida. A ideia de “mudar o mundo”, lá do primeiro ano, como se eu fosse me transformar em uma repórter nos anos da Ditadura Militar caiu – quase todo – por terra. Ao longo do curso, do tempo e das experiências trocadas, descobri que nem sempre é preciso ser um grande herói e morrer por uma causa para se fazer jornalismo. Aprendi também que a realização não está limitada em ser todos “Fátimas Bernardes” ou “Willians Bonners”. O jornalismo é muito mais que isso. Ele é praticado todos os dias, tanto nas grandes metrópoles, quanto nas pequenas comunidades. Ao tratar de assuntos regionais ou de interesse de todos os brasileiros. De forma elitizada ou popular. A essência do jornalismo está em fazê-lo com justiça e honestidade para levar informação e esclarecimento às pessoas, um meio de comunicação da sociedade à mercê dos interesses políticos e pessoais.
No segundo ano de faculdade, pude perceber como é possível o jornalismo alternativo de forma muito privilegiada no projeto de extensão, “Oficina de TV para a 3ª idade – O recurso a disposição aos que têm mais a contar”, idealizado e praticado pelo professor Reginaldo Moreira. Como monitora por dois anos no projeto, pude conhecer como é possível, viável e gratificante trabalhar com o jornalismo comunitário. Sem dúvida, foi um dos maiores aprendizados. O professor Reginaldo Moreira, além de disponibilizar a sua grande amizade, se permitiu dividir comigo e com outros colegas, o seu talento em se comunicar e chegar até as pessoas que estão marginalizadas pela sociedade. Sem dúvida, foram tempos de grande aprendizado.
Acredito que a universidade tenha dado boas bases para minha formação. Pude conhecer um pouco de cada área: impresso, telejornalismo, radiojornalismo e jornalismo online. A produção de dois documentários, tanto audiovisual quanto para ser veiculado em rádio, foi um dos trabalhos mais prazerosos. Todos os professores, sem dúvida alguma, muito acrescentaram em minha formação, desde os trabalhos solicitados até as conversas informais. É claro que sempre carregamos críticas, aulas que achamos que deveriam ter sido melhores aproveitadas, com alunos e professores mais empenhados. A universidade jamais deixará de ser uma grande e essencial base, por mais que oficialmente e judicialmente, com grande decepção tenhamos que conviver com a realidade da não obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.
Ao término destes quatro anos, percebo o quanto amadureci. Bem mais do que eu imaginava. Agradeço a todos os professores, que levarei comigo sempre em minha memória, tendo-os como referência no exercício de profissão.
Questionei muito o quanto valia a pena continuar esta saga, a cara mensalidade paga pelos meus pais a cada mês, os finais de semanas sacrificados, as noites mal dormidas, as viagens de ônibus entre minha cidade e Campinas, o medo de não dar certo. Mas, agora, eu vejo como valeu está valendo muito a pena. E é isso sim que quero para minha vida. Aos 13 anos, na sétima série do Ensino Fundamental, me apaixonei pelo jornalismo ao ler no Guia do Estudante, da editora Abril, que o jornalista estará sempre correndo contra o tempo nas redações em busca de pautas e notícias, trabalhando a favor da sociedade. Agora, passados tantos anos, tenho um sonho realizado, e é pelos mesmos motivos que ainda continuo apaixonada pela arte do jornalismo.
Ao nos fazerem, quando ainda somos crianças, a fatídica pergunta do que queremos ser quando crescer, as respostas são simples e incisivas: professora, bombeiro, médico... Mas quando perguntamos a nós mesmos, do primeiro até quarto ano da faculdade, se é “isso mesmo queremos fazer na nossa vida”, a resposta vem cerceada de dúvidas. Apesar de algumas certezas, é impossível não haver questionamentos que nos levam a uma autoanalise na tentativa de descobrir o que realmente queremos. Durante as aulas, não foram poucos os momentos em que questionei se ali estaria realmente semeando um futuro brilhante e uma carreira promissora. Também não foram poucas as vezes em que ouvi as esgotadas ladainhas de que o mercado está saturado, de que na área de jornalismo paga-se mal e de confundirem jornalista com apresentador de programa de televisão.
Ao longo desses quatros anos muita coisa mudou. E para melhor, sem dúvida. A ideia de “mudar o mundo”, lá do primeiro ano, como se eu fosse me transformar em uma repórter nos anos da Ditadura Militar caiu – quase todo – por terra. Ao longo do curso, do tempo e das experiências trocadas, descobri que nem sempre é preciso ser um grande herói e morrer por uma causa para se fazer jornalismo. Aprendi também que a realização não está limitada em ser todos “Fátimas Bernardes” ou “Willians Bonners”. O jornalismo é muito mais que isso. Ele é praticado todos os dias, tanto nas grandes metrópoles, quanto nas pequenas comunidades. Ao tratar de assuntos regionais ou de interesse de todos os brasileiros. De forma elitizada ou popular. A essência do jornalismo está em fazê-lo com justiça e honestidade para levar informação e esclarecimento às pessoas, um meio de comunicação da sociedade à mercê dos interesses políticos e pessoais.
No segundo ano de faculdade, pude perceber como é possível o jornalismo alternativo de forma muito privilegiada no projeto de extensão, “Oficina de TV para a 3ª idade – O recurso a disposição aos que têm mais a contar”, idealizado e praticado pelo professor Reginaldo Moreira. Como monitora por dois anos no projeto, pude conhecer como é possível, viável e gratificante trabalhar com o jornalismo comunitário. Sem dúvida, foi um dos maiores aprendizados. O professor Reginaldo Moreira, além de disponibilizar a sua grande amizade, se permitiu dividir comigo e com outros colegas, o seu talento em se comunicar e chegar até as pessoas que estão marginalizadas pela sociedade. Sem dúvida, foram tempos de grande aprendizado.
Acredito que a universidade tenha dado boas bases para minha formação. Pude conhecer um pouco de cada área: impresso, telejornalismo, radiojornalismo e jornalismo online. A produção de dois documentários, tanto audiovisual quanto para ser veiculado em rádio, foi um dos trabalhos mais prazerosos. Todos os professores, sem dúvida alguma, muito acrescentaram em minha formação, desde os trabalhos solicitados até as conversas informais. É claro que sempre carregamos críticas, aulas que achamos que deveriam ter sido melhores aproveitadas, com alunos e professores mais empenhados. A universidade jamais deixará de ser uma grande e essencial base, por mais que oficialmente e judicialmente, com grande decepção tenhamos que conviver com a realidade da não obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.
Ao término destes quatro anos, percebo o quanto amadureci. Bem mais do que eu imaginava. Agradeço a todos os professores, que levarei comigo sempre em minha memória, tendo-os como referência no exercício de profissão.
Questionei muito o quanto valia a pena continuar esta saga, a cara mensalidade paga pelos meus pais a cada mês, os finais de semanas sacrificados, as noites mal dormidas, as viagens de ônibus entre minha cidade e Campinas, o medo de não dar certo. Mas, agora, eu vejo como valeu está valendo muito a pena. E é isso sim que quero para minha vida. Aos 13 anos, na sétima série do Ensino Fundamental, me apaixonei pelo jornalismo ao ler no Guia do Estudante, da editora Abril, que o jornalista estará sempre correndo contra o tempo nas redações em busca de pautas e notícias, trabalhando a favor da sociedade. Agora, passados tantos anos, tenho um sonho realizado, e é pelos mesmos motivos que ainda continuo apaixonada pela arte do jornalismo.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
E quem se importa?
E quem se importa? Postou Noblat em seu blog.
E quem se importa com a cama feita de lama, concreto no chão. Eu finjo que não vejo e ponho em prática o velho ditado: "o que os olhos não vêem o coração sente".
Aqueles olhares são uma ameaça ao meu estado de espírito, à minha ascenção social, cultural, profissional.
A menina de mãos dadas com a mãe tem medo do que vê. Sem banho, roupa encardida, cheiro de abandono pairando pelo ar. E quem se importa? Nem eu. Nem você. É melhor seguir a velha tradição de tapar os olhos para não doer a coração.
Ninguém se importa ...
Praça José de Alencar, bairro do Flamengo, Rio. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
E tudo acaba em pizza ...
Como sempre, Lúcia Hipólito com sua crítica sofisticada, vem nos lembrar das peripécias do Senado brasileiro, exclusivamente do presidente José Sarney. Ontem, a indignação correu na veia. O PT se mostrou fraco, rachado e longe de pôr em prática os ideais do partido (cujo nome: DOS trabalhadores). O cerco se fechou, o líder da bancada do governo, Aloísio Mercadante, perdeu a autoridade e a força que um líder deve ter. E Lula ... nosso querido presidente segue adiante num projeto mais particular do que conjunto e partidário, com a obsessão de eleger Dilma em 2010. A moral da história é que mais uma vez, tudo acabou em pizza.
O caso do coronel
Lúcia Hipólito
As mais recentes denúncias sobre as estripulias do senador José Sarney estão longe de ser as últimas e apontam na mesma direção de todas as anteriores: a privatização de recursos e espaços públicos em benefício próprio. Ou de sua família. E o desprezo às leis do país.
Senão vejamos. Distraído, Sarney não reparou que recebia mensalmente R$ 3,8 mil de auxílio-moradia, mesmo tendo mansão em Brasília e tendo à disposição a residência oficial de presidente do Senado.
Culpa da burocracia do Senado.
Distraidíssimo, Sarney esqueceu de declarar sua mansão de R$ 4 milhões à Justiça Eleitoral. Culpa do contador.
Precavido, requisitou seguranças do Senado para proteger sua casa em São Luís – embora seja senador pelo Amapá.
Milionário (embora o Maranhão continue paupérrimo), não empregou duas sobrinhas e seu neto em suas inúmeras empresas. Preferiu que se empregassem no Senado.
Milionário generoso, não quis deixar a viúva de seu motorista ao relento. Empregou-a para servir cafezinho no Senado, em meio expediente, com salário de R$ 2,3 mil. Ah, e alojou-a em apartamento na quadra dos senadores.
Generoso, não impediu que seu outro neto fizesse negócios milionários com crédito consignado no Senado.
Ainda generoso, entendeu que um agregado da família deveria ser também empregado como motorista do Senado – salário atual de R$ 12 mil – mas trabalhando como mordomo na casa da madrinha, sua filha e então senadora Roseana Sarney.
Aliás, Roseana considerou normal convidar um grupo de amigos fiéis para um fim de semana em Brasília – com passagens pagas pelo Congresso.
Seu filho, Fernando Sarney, o administrador das empresas, que sequer é parlamentar, considerou normal ter passagens aéreas de seus empregados pagas com passagens da quota da Câmara dos Deputados.
Patriarca maranhense, ocupou as dependências do Convento das Mercês, jóia do patrimônio histórico, e ali instalou seu mausoléu. O Ministério Público já pediu a devolução, mas está complicado.
Não é um fofo?
Um dos mais recentes escândalos cerca justamente a Fundação José Sarney, que se apoderou das instalações do Convento das Mercês. Consta que R$1.300 mil captados através da Lei Rouanet junto à Petrobrás, para trabalhos culturais na Fundação José Sarney foram... desviados.
Não há prestação de contas, há empresas-fantasmas, notas fiscais esquisitas.
Enfim, marotice, para dizer o mínimo.( ou corrupção suburbana, como disse o Luis Fernando Veríssimo, desculpando Lula da inúmeras "maracutais" que promove) Mas Sarney alega que só é presidente de honra da Fundação.
Culpa dos administradores.
E o escândalo mais recente (na divulgação, não na operação): Sarney seria proprietário de contas bancárias no exterior não declaradas à Receita Federal. Coisa do amigão Edemar Cid Ferreira, amigão também da governadora Roseana Sarney a quem, dizem, costumava emprestar um cartão de crédito internacional. Coisa de gente fina.
Em suma, acompanhando as peripécias de José Sarney podemos revelar as entranhas do coronelismo, do fisiologismo, do clientelismo. Do arcaísmo.
Tudo isto demora a morrer. Estrebucha, solta fogo pela venta. Mas um dia desaparece.
Tal como os dinossauros.
O caso do coronel
Lúcia Hipólito
As mais recentes denúncias sobre as estripulias do senador José Sarney estão longe de ser as últimas e apontam na mesma direção de todas as anteriores: a privatização de recursos e espaços públicos em benefício próprio. Ou de sua família. E o desprezo às leis do país.
Senão vejamos. Distraído, Sarney não reparou que recebia mensalmente R$ 3,8 mil de auxílio-moradia, mesmo tendo mansão em Brasília e tendo à disposição a residência oficial de presidente do Senado.
Culpa da burocracia do Senado.
Distraidíssimo, Sarney esqueceu de declarar sua mansão de R$ 4 milhões à Justiça Eleitoral. Culpa do contador.
Precavido, requisitou seguranças do Senado para proteger sua casa em São Luís – embora seja senador pelo Amapá.
Milionário (embora o Maranhão continue paupérrimo), não empregou duas sobrinhas e seu neto em suas inúmeras empresas. Preferiu que se empregassem no Senado.
Milionário generoso, não quis deixar a viúva de seu motorista ao relento. Empregou-a para servir cafezinho no Senado, em meio expediente, com salário de R$ 2,3 mil. Ah, e alojou-a em apartamento na quadra dos senadores.
Generoso, não impediu que seu outro neto fizesse negócios milionários com crédito consignado no Senado.
Ainda generoso, entendeu que um agregado da família deveria ser também empregado como motorista do Senado – salário atual de R$ 12 mil – mas trabalhando como mordomo na casa da madrinha, sua filha e então senadora Roseana Sarney.
Aliás, Roseana considerou normal convidar um grupo de amigos fiéis para um fim de semana em Brasília – com passagens pagas pelo Congresso.
Seu filho, Fernando Sarney, o administrador das empresas, que sequer é parlamentar, considerou normal ter passagens aéreas de seus empregados pagas com passagens da quota da Câmara dos Deputados.
Patriarca maranhense, ocupou as dependências do Convento das Mercês, jóia do patrimônio histórico, e ali instalou seu mausoléu. O Ministério Público já pediu a devolução, mas está complicado.
Não é um fofo?
Um dos mais recentes escândalos cerca justamente a Fundação José Sarney, que se apoderou das instalações do Convento das Mercês. Consta que R$1.300 mil captados através da Lei Rouanet junto à Petrobrás, para trabalhos culturais na Fundação José Sarney foram... desviados.
Não há prestação de contas, há empresas-fantasmas, notas fiscais esquisitas.
Enfim, marotice, para dizer o mínimo.( ou corrupção suburbana, como disse o Luis Fernando Veríssimo, desculpando Lula da inúmeras "maracutais" que promove) Mas Sarney alega que só é presidente de honra da Fundação.
Culpa dos administradores.
E o escândalo mais recente (na divulgação, não na operação): Sarney seria proprietário de contas bancárias no exterior não declaradas à Receita Federal. Coisa do amigão Edemar Cid Ferreira, amigão também da governadora Roseana Sarney a quem, dizem, costumava emprestar um cartão de crédito internacional. Coisa de gente fina.
Em suma, acompanhando as peripécias de José Sarney podemos revelar as entranhas do coronelismo, do fisiologismo, do clientelismo. Do arcaísmo.
Tudo isto demora a morrer. Estrebucha, solta fogo pela venta. Mas um dia desaparece.
Tal como os dinossauros.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Afastamento do vereador Carlos Alberto
Vale a pena assistir a sessão na Câmara dos Vereadores de Amparo.
Para entender o caso, segue abaixo trecho da matéria publicada no jornal A Tribuna.
http://www.youtube.com/watch?v=dfHsGggDnsc
- No início de abril, a Câmara Municipal de Amparo recebe uma denúncia anônima contra o vereador Carlos Alberto Martins (PSDC). A denúncia alertava a respeito de possíveis irregularidades cometidas pelo vereador durante um afastamento do trabalho concedido pelo Instituto Nacional de Seguridade Social. Na denúncia, foi juntado um atestado médico do vereador, que comprovaria a irregularidade Ao tomar conhecimento da denúncia, o presidente da Câmara Municipal de Amparo, Mário Acácio Ancona (PPS) encaminhou o fato ao conhecimento do Departamento Jurídico da Câmara Municipal de Amparo para dar um parecer. O parecer já foi devolvido ao presidente da Câmara Municipal e na segunda-feira, dia 13 de abril, Carlos Alberto Martins foi notificado do caso e teria 10 dias para apresentar a sua defesa. O caso estava sob sigilo.
- No dia 17 de abril, a noticia sobre a denúncia é divulgada por A Tribuna e o caso torna-se público.
- Na quarta-feira, dia 22 de abril, o vereador Carlos Alberto Martins (PSDC) protocolou na Câmara Municipal de Amparo defesa em relação à denúncia apresentada contra ele sobre possíveis irregularidades cometidas em decorrência de um afastamento do trabalho concedido pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). Na sua defesa, Carlos Alberto negou qualquer irregularidade, afirma ser vítima de “alguém político” e diz ainda que o atestado médico que originou a denúncia foi subtraído de sua pasta nas dependências da Câmara Municipal de Amparo em janeiro deste ano. O vereador encaminha sua defesa ao jornal A Tribuna para ser publicada e fala no seu programa de rádio sobre o assunto. Carlos Alberto diz que a pessoa que furtou o atestado médico “provavelmente seja a mesma que apresentou a denúncia na Câmara Municipal”.
- No dia 28 de abril, o presidente da Câmara Municipal de Amparo, Mário Acácio Ancona (PPS), protocola requerimento assinado por ele e outros oito vereadores que pede a instauração de processo disciplinar contra o vereador Carlos Alberto. Os vereadores alegam que Martins teria promovido a exposição, de forma indevida, da imagem da Câmara Municipal de Amparo e que ele, abusando das prerrogativas que lhe são asseguradas como vereador, teria agido de modo incompatível com o decoro parlamentar, não preservando a imagem da Câmara Municipal, ofendendo, na matéria, a imagem do Poder Legislativo e dos vereadores. O requerimento é encaminhado para o corregedor da Câmara Municipal, vereador Rogério Catanese (PDT)
- No dia 19 de maio, os vereadores da Câmara Municipal de Amparo acataram por oito votos a um o relatório de autoria do vereador e corregedor do Legislativo amparense, Rogério Catanese (PDT), que permite a instauração de um processo disciplinar contra o vereador Carlos Alberto Martins (PSDC). Uma comissão formada por cinco vereadores deve analisar o requerimento e a defesa do vereador para apresentar a defesa final.
- No dia 8 de junho, o vereador Carlos Alberto Martins apresenta sua defesa na Câmara Municipal em relação ao requerimento. Na defesa, fala sobre a vulnerabilidade em relação ao acesso à Câmara Municipal de Amparo. Utilizando o requerimento respondido pelo próprio presidente da Câmara Municipal de Amparo, Mario Ancona, que afirma ser “impossível aquilatar o número de pessoas que frequentam a Edilidade, quer seja diária ou semanalmente”, Carlos Alberto diz, em sua defesa: “Se a própria Presidência da Casa não sabe quem entra ou quem sai, tampouco possui qualquer controle de identificação de pessoas que podem transitar sem nenhuma restrição nas dependências da Câmara Municipal de Amparo, além de vereadores e servidores, fica nítido que outros eventos delituosos semelhantes ao ocorrido com o requerido, vereador Carlos Alberto, estão sujeitos a acontecer a qualquer momento com qualquer um, inclusive suscetíveis a proporções maiores”, disse Carlos Alberto, sugerindo que o furto do seu atestado médico poderia ter sido praticado por desconhecidos.
- No dia 4 de agosto, é divulgado o parecer da comissão que pede uma suspensão de 90 dias para o vereador Carlos Alberto. No parecer, os vereadores afirmam: “É preciso deixar claro que a atitude do vereador Carlos Alberto Martins excedeu o limite da razoabilidade quando respondeu à noticia veiculada na imprensa local. Isso porque, ao responder, revelou pouca importância à boa imagem da Câmara Municipal perante a comunidade e mesmo à imagem de seus pares, desferindo ataques gerais com o intuito de denegrir a reputação não só dos vereadores, mas da Casa como um todo”.
- No dia 11 de agosto, os vereadores votaram por unanimidade favorável o parecer e decidem suspender Carlos Alberto por 90 dias. Na tribuna da Câmara Municipal, Carlos Alberto diz que vai recorrer na Justiça diante da decisão dos vereadores amparenses.
Para entender o caso, segue abaixo trecho da matéria publicada no jornal A Tribuna.
http://www.youtube.com/watch?v=dfHsGggDnsc
- No início de abril, a Câmara Municipal de Amparo recebe uma denúncia anônima contra o vereador Carlos Alberto Martins (PSDC). A denúncia alertava a respeito de possíveis irregularidades cometidas pelo vereador durante um afastamento do trabalho concedido pelo Instituto Nacional de Seguridade Social. Na denúncia, foi juntado um atestado médico do vereador, que comprovaria a irregularidade Ao tomar conhecimento da denúncia, o presidente da Câmara Municipal de Amparo, Mário Acácio Ancona (PPS) encaminhou o fato ao conhecimento do Departamento Jurídico da Câmara Municipal de Amparo para dar um parecer. O parecer já foi devolvido ao presidente da Câmara Municipal e na segunda-feira, dia 13 de abril, Carlos Alberto Martins foi notificado do caso e teria 10 dias para apresentar a sua defesa. O caso estava sob sigilo.
- No dia 17 de abril, a noticia sobre a denúncia é divulgada por A Tribuna e o caso torna-se público.
- Na quarta-feira, dia 22 de abril, o vereador Carlos Alberto Martins (PSDC) protocolou na Câmara Municipal de Amparo defesa em relação à denúncia apresentada contra ele sobre possíveis irregularidades cometidas em decorrência de um afastamento do trabalho concedido pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). Na sua defesa, Carlos Alberto negou qualquer irregularidade, afirma ser vítima de “alguém político” e diz ainda que o atestado médico que originou a denúncia foi subtraído de sua pasta nas dependências da Câmara Municipal de Amparo em janeiro deste ano. O vereador encaminha sua defesa ao jornal A Tribuna para ser publicada e fala no seu programa de rádio sobre o assunto. Carlos Alberto diz que a pessoa que furtou o atestado médico “provavelmente seja a mesma que apresentou a denúncia na Câmara Municipal”.
- No dia 28 de abril, o presidente da Câmara Municipal de Amparo, Mário Acácio Ancona (PPS), protocola requerimento assinado por ele e outros oito vereadores que pede a instauração de processo disciplinar contra o vereador Carlos Alberto. Os vereadores alegam que Martins teria promovido a exposição, de forma indevida, da imagem da Câmara Municipal de Amparo e que ele, abusando das prerrogativas que lhe são asseguradas como vereador, teria agido de modo incompatível com o decoro parlamentar, não preservando a imagem da Câmara Municipal, ofendendo, na matéria, a imagem do Poder Legislativo e dos vereadores. O requerimento é encaminhado para o corregedor da Câmara Municipal, vereador Rogério Catanese (PDT)
- No dia 19 de maio, os vereadores da Câmara Municipal de Amparo acataram por oito votos a um o relatório de autoria do vereador e corregedor do Legislativo amparense, Rogério Catanese (PDT), que permite a instauração de um processo disciplinar contra o vereador Carlos Alberto Martins (PSDC). Uma comissão formada por cinco vereadores deve analisar o requerimento e a defesa do vereador para apresentar a defesa final.
- No dia 8 de junho, o vereador Carlos Alberto Martins apresenta sua defesa na Câmara Municipal em relação ao requerimento. Na defesa, fala sobre a vulnerabilidade em relação ao acesso à Câmara Municipal de Amparo. Utilizando o requerimento respondido pelo próprio presidente da Câmara Municipal de Amparo, Mario Ancona, que afirma ser “impossível aquilatar o número de pessoas que frequentam a Edilidade, quer seja diária ou semanalmente”, Carlos Alberto diz, em sua defesa: “Se a própria Presidência da Casa não sabe quem entra ou quem sai, tampouco possui qualquer controle de identificação de pessoas que podem transitar sem nenhuma restrição nas dependências da Câmara Municipal de Amparo, além de vereadores e servidores, fica nítido que outros eventos delituosos semelhantes ao ocorrido com o requerido, vereador Carlos Alberto, estão sujeitos a acontecer a qualquer momento com qualquer um, inclusive suscetíveis a proporções maiores”, disse Carlos Alberto, sugerindo que o furto do seu atestado médico poderia ter sido praticado por desconhecidos.
- No dia 4 de agosto, é divulgado o parecer da comissão que pede uma suspensão de 90 dias para o vereador Carlos Alberto. No parecer, os vereadores afirmam: “É preciso deixar claro que a atitude do vereador Carlos Alberto Martins excedeu o limite da razoabilidade quando respondeu à noticia veiculada na imprensa local. Isso porque, ao responder, revelou pouca importância à boa imagem da Câmara Municipal perante a comunidade e mesmo à imagem de seus pares, desferindo ataques gerais com o intuito de denegrir a reputação não só dos vereadores, mas da Casa como um todo”.
- No dia 11 de agosto, os vereadores votaram por unanimidade favorável o parecer e decidem suspender Carlos Alberto por 90 dias. Na tribuna da Câmara Municipal, Carlos Alberto diz que vai recorrer na Justiça diante da decisão dos vereadores amparenses.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Invisíveis
Algumas pessoas são invisíveis. Não podemos negar! O sistema massacra as pessoas que não pertencem ao nosso ciclo e, dizer que isto é mentira, que não acontece comigo e com você, é hipocrisia pura sem qualquer aditivo. Não que (sempre) queiramos ignorá-los, mas estamos habituados. Não enxergá-los é uma proteção optica bastante eficaz para nos livrar de culpas.
Mais uma vez Carrie Bradshaw me emplacou. Para quem não conhece, Carrie é a protagonista do seriado americano Sex and the City e, ultimamente, minha terapeuta. Carrie é escritora e tem cabelos encaracolados (o último adjetivo é piada interna) e ela, assim como eu, precisou de alguém invisível para mostrar o valor de algumas coisas.
Uma mulher com touca na cabeça, uniforme acinzentado de faxineira. Sem perder a vaidade, nos seus mais de 50 anos, ela usa brincos grandes e dourados. Bijuteria barata. Batom vermelho. Eu não havia a notado, mas ela notou em mim. Eu estava em outro planeta, longe dali, 'viajando' em meus pensamentos tristes, em sentimentos ingratos e melancólicos. Mas ela notou em mim e mudou meu dia. Quanta alegria trazia aquela mulher. Quantas histórias trazem as pessoas invisíveis das ruas, dos ônibus. Que varrem as guias, lavam os pratos, servem as mesas.
A fictícia Carrie também precisou de uma mulher invisível para perceber o que algumas coisas bastam para se viver. Me emplacou. Agora vejo o batom vermelho em lábios finos da mulher invisível. Tornam-se visíveis o que há de mais belo no meu dia.
Mais uma vez Carrie Bradshaw me emplacou. Para quem não conhece, Carrie é a protagonista do seriado americano Sex and the City e, ultimamente, minha terapeuta. Carrie é escritora e tem cabelos encaracolados (o último adjetivo é piada interna) e ela, assim como eu, precisou de alguém invisível para mostrar o valor de algumas coisas.
Uma mulher com touca na cabeça, uniforme acinzentado de faxineira. Sem perder a vaidade, nos seus mais de 50 anos, ela usa brincos grandes e dourados. Bijuteria barata. Batom vermelho. Eu não havia a notado, mas ela notou em mim. Eu estava em outro planeta, longe dali, 'viajando' em meus pensamentos tristes, em sentimentos ingratos e melancólicos. Mas ela notou em mim e mudou meu dia. Quanta alegria trazia aquela mulher. Quantas histórias trazem as pessoas invisíveis das ruas, dos ônibus. Que varrem as guias, lavam os pratos, servem as mesas.
A fictícia Carrie também precisou de uma mulher invisível para perceber o que algumas coisas bastam para se viver. Me emplacou. Agora vejo o batom vermelho em lábios finos da mulher invisível. Tornam-se visíveis o que há de mais belo no meu dia.
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