É difícil explicar essa sensação. Ao mesmo tempo que paira no ar um tremendo alívio e sentimento de dever cumprido, é impossível não sentir certa nostalgia, uma precipitada saudade. Mas, só tenho a agradecer. A tão sonhada faculdade terminou da melhor maneira possível, mais até do que eu imaginava que poderia ter como fim. Muita emoção e uma gratificante esforço. Este é o meu memorial:
Ao nos fazerem, quando ainda somos crianças, a fatídica pergunta do que queremos ser quando crescer, as respostas são simples e incisivas: professora, bombeiro, médico... Mas quando perguntamos a nós mesmos, do primeiro até quarto ano da faculdade, se é “isso mesmo queremos fazer na nossa vida”, a resposta vem cerceada de dúvidas. Apesar de algumas certezas, é impossível não haver questionamentos que nos levam a uma autoanalise na tentativa de descobrir o que realmente queremos. Durante as aulas, não foram poucos os momentos em que questionei se ali estaria realmente semeando um futuro brilhante e uma carreira promissora. Também não foram poucas as vezes em que ouvi as esgotadas ladainhas de que o mercado está saturado, de que na área de jornalismo paga-se mal e de confundirem jornalista com apresentador de programa de televisão.
Ao longo desses quatros anos muita coisa mudou. E para melhor, sem dúvida. A ideia de “mudar o mundo”, lá do primeiro ano, como se eu fosse me transformar em uma repórter nos anos da Ditadura Militar caiu – quase todo – por terra. Ao longo do curso, do tempo e das experiências trocadas, descobri que nem sempre é preciso ser um grande herói e morrer por uma causa para se fazer jornalismo. Aprendi também que a realização não está limitada em ser todos “Fátimas Bernardes” ou “Willians Bonners”. O jornalismo é muito mais que isso. Ele é praticado todos os dias, tanto nas grandes metrópoles, quanto nas pequenas comunidades. Ao tratar de assuntos regionais ou de interesse de todos os brasileiros. De forma elitizada ou popular. A essência do jornalismo está em fazê-lo com justiça e honestidade para levar informação e esclarecimento às pessoas, um meio de comunicação da sociedade à mercê dos interesses políticos e pessoais.
No segundo ano de faculdade, pude perceber como é possível o jornalismo alternativo de forma muito privilegiada no projeto de extensão, “Oficina de TV para a 3ª idade – O recurso a disposição aos que têm mais a contar”, idealizado e praticado pelo professor Reginaldo Moreira. Como monitora por dois anos no projeto, pude conhecer como é possível, viável e gratificante trabalhar com o jornalismo comunitário. Sem dúvida, foi um dos maiores aprendizados. O professor Reginaldo Moreira, além de disponibilizar a sua grande amizade, se permitiu dividir comigo e com outros colegas, o seu talento em se comunicar e chegar até as pessoas que estão marginalizadas pela sociedade. Sem dúvida, foram tempos de grande aprendizado.
Acredito que a universidade tenha dado boas bases para minha formação. Pude conhecer um pouco de cada área: impresso, telejornalismo, radiojornalismo e jornalismo online. A produção de dois documentários, tanto audiovisual quanto para ser veiculado em rádio, foi um dos trabalhos mais prazerosos. Todos os professores, sem dúvida alguma, muito acrescentaram em minha formação, desde os trabalhos solicitados até as conversas informais. É claro que sempre carregamos críticas, aulas que achamos que deveriam ter sido melhores aproveitadas, com alunos e professores mais empenhados. A universidade jamais deixará de ser uma grande e essencial base, por mais que oficialmente e judicialmente, com grande decepção tenhamos que conviver com a realidade da não obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.
Ao término destes quatro anos, percebo o quanto amadureci. Bem mais do que eu imaginava. Agradeço a todos os professores, que levarei comigo sempre em minha memória, tendo-os como referência no exercício de profissão.
Questionei muito o quanto valia a pena continuar esta saga, a cara mensalidade paga pelos meus pais a cada mês, os finais de semanas sacrificados, as noites mal dormidas, as viagens de ônibus entre minha cidade e Campinas, o medo de não dar certo. Mas, agora, eu vejo como valeu está valendo muito a pena. E é isso sim que quero para minha vida. Aos 13 anos, na sétima série do Ensino Fundamental, me apaixonei pelo jornalismo ao ler no Guia do Estudante, da editora Abril, que o jornalista estará sempre correndo contra o tempo nas redações em busca de pautas e notícias, trabalhando a favor da sociedade. Agora, passados tantos anos, tenho um sonho realizado, e é pelos mesmos motivos que ainda continuo apaixonada pela arte do jornalismo.
Um comentário:
Amei! Parabéns, Amiga, por esta conquista... Acredito no seu potencial e torço pelo seu sucesso! Agora sim, 100% Jornalista!
"Sonhe o quanto puder, realize sempre! Desistir Jamais."
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